(Atualizado em 04-mar-2015). A taxa Selic é a principal taxa de juros no Brasil pois ela serve de referência para praticamente todas as demais taxas de juros.
O que muita gente não sabe é que ela não é definida pelo Banco Central do Brasil. Na verdade, o que o Banco Central define em suas reuniões do COPOM (Comitê de Política Monetária) é uma meta para a taxa Selic, uma espécie de baliza para as negociações feitas pelo mercado.
Na 189ª Reunião do COPOM, ocorrida nos dias 03 e 04/03/2015, foi decidido o aumento da taxa selic em 0,50 pontos percentuais, elevando-a para 12,75%, sem viés, por unanimidade.
12,75% é a taxa selic atual
O aumento na taxa selic foi justificado por pressões inflacionárias provenientes de ajustes dos preços domésticos em relação aos internacionais o e realinhamento dos preços administrados, como o reajuste da gasolina e da energia elétrica. Uma taxa Selic mais elevada, resulta em uma taxa de juros mais alta para o consumidor que pretende tomar dinheiro emprestado, desestimulando o consumo e, desta forma, reduzindo a pressão inflacionária.
O IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses, até janeiro/2015, ficou em 7,14%, acima do teto da meta, que é de 6,50%. No entanto, há uma expectativa dos agentes econômicos de que a inflação acumulada em 12 meses referente a fev/15 suba ainda mais, superando os 7,5%. Esta expectativa poderá ser confirmada no dia 6-mar, quando o IPCA de fev/15 será divulgado pelo IBGE.
O que é a taxa Selic?
Conforme a definição feita pelo Banco Central do Brasil:
A taxa Selic é a taxa apurada no Selic, obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e cursadas no referido sistema ou em câmaras de compensação e liquidação de ativos, na forma de operações compromissadas. Esclarecemos que, neste caso, as operações compromissadas são operações de venda de títulos com compromisso de recompra assumido pelo vendedor, concomitante com compromisso de revenda assumido pelo comprador, para liquidação no dia útil seguinte. Ressaltamos, ainda, que estão aptas a realizar operações compromissadas, por um dia útil, fundamentalmente as instituições financeiras habilitadas, tais como bancos, caixas econômicas, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
E o que vem a ser o termo “Selic”?
Selic é o acrônimo de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, sendo o depositário central dos títulos públicos federais emitidos pelo Tesouro Nacional. este sistema processa a emissão, o resgate e o pagamento de juros, além de custodiar os títulos. Assim, toda e qualquer operação feita com títulos públicos federais passa obrigatoriamente pelo Selic. Apesar destes títulos serem muitas vezes referenciados como “papéis”, na verdade, eles não são mais impressos, pois eles existem apenas na forma eletrônica (títulos escriturais).
Grosso modo, apenas instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central participam do Selic. Por conta disto, as operações realizadas pelas pessoas físicas no Tesouro Direto devem contar com a participação de um intermediário financeiro, normalmente uma corretora de títulos e valores mobiliários. A existência deste sistema de liquidação impede que compradores de títulos percam o seu dinheiro na eventualidade do vendedor não entregar os mesmos. Da mesma forma, o vendedor de títulos não corre o risco de entregá-los e não receber o dinheiro.
Como já descrito acima, a taxa Selic é a taxa média ponderada e ajustada de operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais. Sendo assim, trata-se de uma taxa definida pelo mercado e não pelo Banco Central. O que o COPOM (Comitê de Política Monetária), na verdade, determina é uma meta para a taxa Selic, a qual serve apenas para balizar as taxas praticadas pelo mercado. Eventualmente, a mesa de operações do mercado aberto do Banco Central pode entrar no mercado para garantir que a taxa diária fique próximo da meta.
A taxa selic influencia todas as taxas de juros
Se a taxa Selic é apenas uma taxa de um dia, como é que ela influencia as demais taxas de juros, como a do financiamento de veículos?
Na verdade, as taxas de juros de prazos mais longos são negociadas e definidas por conta das expectativas dos agentes financeiros em relação à evolução da taxa Selic através do mercado de derivativos, principalmente o mercado de DI Futuro da BM&FBovespa. Por conta disto, as taxas de juros de prazos mais longos não se alteram apenas por conta da reunião do COPOM. Relatórios e dados divulgados pelo Banco Central, dados econômicos e outras tantas informações afetam as taxas de juros a todo instante. Assim, a definição de uma meta para a taxa Selic serve, de certa forma, para balizar as expectativas do mercado em relação aos próximos passos do Banco Central na condução da política monetária.
No gráfico abaixo, tem-se o histórico da taxa Selic meta desde jul/1996.
E, neste próximo, tem-se o histórico da taxa Selic meta, da taxa Selic e da taxa CDI em período mais recente, a partir do início do governo Dilma.
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