O Ibovespa encerrou a quinta-feira (21) em queda de 0,12% aos 134.511 pontos, refletindo a cautela diante do impasse diplomático entre Brasil e EUA. No exterior, os investidores aguardam o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, que pode indicar os próximos passos da política monetária dos EUA. Indicadores mostraram aceleração da atividade industrial americana, enquanto autoridades do Fed reforçaram que ainda não há espaço para cortes de juros.
No campo fiscal, a arrecadação federal bateu recorde histórico para julho, alcançando R$ 254,2 bilhões (alta real de 4,57% na comparação anual). Entre janeiro e julho, o total arrecadado foi de R$ 1,68 trilhão, também recorde. O crescimento foi impulsionado principalmente por IR, CSLL e IOF, além de receitas previdenciárias e de importação. O desempenho positivo reforça a meta do governo de buscar o déficit zero neste ano.
Em meio às tensões com Washington, o presidente Lula voltou a criticar a influência norte-americana, afirmando que “aqui cuidamos nós”. Também reiterou a prioridade em políticas sociais, ironizando a visão de parte do setor financeiro que resiste a investimentos voltados à população de baixa renda.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 0,86%, após novos desdobramentos envolvendo a Lei Magnitsky. Segundo o Valor Econômico, o ministro do STF Alexandre de Moraes teve um cartão internacional do banco bloqueado em razão das sanções dos EUA. Como alternativa, o BB teria oferecido um cartão Elo, bandeira que não opera no mercado americano.
A notícia reforçou a percepção de insegurança jurídica no setor bancário. Na terça-feira (19), bancos brasileiros já haviam perdido cerca de R$ 42 bilhões em valor de mercado, em meio às dúvidas sobre a aplicabilidade de leis estrangeiras no país. O cenário se agravou após decisão do ministro Flávio Dino, do STF, de que normas internacionais não se aplicam a cidadãos brasileiros em território nacional. Analistas veem o Banco do Brasil como uma das instituições mais expostas, dada sua função de administrar a folha de pagamento de servidores federais.
No cenário corporativo, a Petrobras (PETR4) avançou 0,23% após confirmar planos de retornar ao mercado de etanol ainda em 2025, alinhada à transição energética. A estatal também destacou interesse em projetos de biodiesel, eólica e solar. O BTG Pactual reiterou recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 44 — potencial de valorização de 46%.
Já a Braskem (BRKM5) segue pressionada pela crise financeira, com endividamento recorde de US$ 6,8 bilhões e forte queima de caixa. A empresa avalia venda de ativos, incluindo operações nos EUA e participação na unidade de polietileno verde no RS. As negociações ocorrem em meio à disputa societária entre Nelson Tanure e a gestora IG4, com participação indireta da Petrobras. Apesar do cenário adverso, os papéis da Braskem lideraram as altas do Ibovespa no dia, avançando 3,79%.
No plano internacional, EUA e União Europeia anunciaram estrutura de acordo comercial e tarifário, mantendo teto de 15% sobre automóveis. Já na Europa, os PMIs de agosto apontaram expansão da atividade ao maior nível em 15 meses, trazendo algum alívio às bolsas antes do simpósio do Fed.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Braskem (BRKM5): +3,79%
• RaiaDrogasil (RADL3): +2,01%
• Motiva (MOTV3): +1,92%
• Engie (EGIE3): +1,47%
• Petz (PETZ3): +1,29%
Baixas
• Yduqs (YDUQ3): -6,03%
• Porto Seguro (PSSA3): -3,48%
• Cemig (CMIG4): -3,19%
• Auren (AURE3): -2,60%
• Marfrig (MRFG3): -1,90%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia em queda:
• Dow Jones: -0,34%
• Nasdaq: -0,34%
• S&P 500: -0,40%
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