Capital estrangeiro recua, mas impulsiona a recuperação da bolsa na reta final de outubro

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Foto: Shutterstock/Billion Photos

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O mês de outubro foi marcado por forte volatilidade no fluxo de capital estrangeiro da B3, refletindo o ambiente global de incerteza e a oscilação do apetite ao risco entre investidores internacionais. Após uma primeira quinzena de intensa saída de recursos, o período terminou com saldo líquido negativo de R$ 1,132 bilhão, o segundo pior resultado do ano, atrás apenas de julho, quando houve retirada de R$ 6,268 bilhões.

A virada ocorreu de forma nítida ao longo do mês. Até o dia 15, a bolsa acumulava uma saída líquida de R$ 6,664 bilhões, em meio à combinação de instabilidade externa e cautela fiscal doméstica. A partir da segunda quinzena, porém, houve entrada líquida de R$ 5,532 bilhões, sinalizando uma recuperação expressiva e uma melhora significativa do humor dos investidores diante de fatores externos mais favoráveis.

Entre os dias 16 e 31, o retorno do capital estrangeiro foi impulsionado por uma sequência de eventos que reacenderam o apetite por risco. O Federal Reserve reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4,00% ao ano, reforçando o movimento de busca por ativos de maior retorno em mercados emergentes. Além disso, o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, durante a cúpula da Apec, trouxe alívio às tensões comerciais entre EUA e China. No mesmo período, a reunião entre Lula e Trump, na Malásia, foi interpretada como um gesto diplomático relevante, abrindo negociação imediata sobre tarifas e sanções aplicadas aos produtos brasileiros. O próprio presidente Lula classificou o encontro como “ótimo”, o que reforçou a leitura de aproximação entre as duas maiores economias das Américas.

Esses acontecimentos combinados restauraram a confiança do investidor estrangeiro e sustentaram a retomada da bolsa brasileira na segunda metade do mês.

No plano doméstico, os dados macroeconômicos reforçaram a percepção de resiliência. O IPCA de setembro, em 0,48%, veio abaixo das expectativas, enquanto a taxa de desemprego permaneceu em 5,6%, o menor nível da série histórica. Apesar da Selic estável em 15% ao ano, o discurso do Banco Central sobre a continuidade do processo de desinflação foi bem recebido, reforçando a imagem de uma política monetária previsível e responsável.

A força dessa recuperação ficou evidente no comportamento do Ibovespa, que avançou 2,26% no mês, encerrando outubro em 149.540 pontos, um novo recorde histórico. Entre os dias 16 e 31, o índice acumulou alta de 4,89% e oito pregões consecutivos de valorização, a sequência mais longa do ano até então. O movimento foi amplamente sustentado pelo retorno do capital estrangeiro, sobretudo no pregão de 23 de outubro, quando o mercado registrou entrada de R$ 3,509 bilhões, a maior do semestre e a sexta maior do ano.

Apesar do saldo final negativo, o volume de negociações foi o maior do semestre: as compras somaram R$ 299,446 bilhões e as vendas alcançaram R$ 300,672 bilhões, além de R$ 95 milhões captados por meio de operações de follow-on, o que evidencia a rotação intensa e seletiva das posições estrangeiras. No acumulado de 2025, o fluxo líquido de capital estrangeiro na B3 soma R$ 25,940 bilhões, queda de 4,18% em relação a setembro, mas ainda representa o melhor desempenho acumulado para um mês de outubro desde 2022.

No câmbio, o dólar Ptax avançou 1,24% frente ao real, refletindo a saída líquida parcial do início do mês e o movimento global de correção do dólar após o corte de juros do Fed.

O quadro de outubro ilustra com clareza a sensibilidade do fluxo estrangeiro aos eventos globais e domésticos. A primeira quinzena mostrou a fuga de recursos em meio à incerteza, enquanto a segunda metade do mês evidenciou o retorno rápido do apetite ao risco diante de estímulos monetários e sinais de estabilidade econômica. A recuperação parcial do fluxo confirma o papel do investidor estrangeiro como vetor central de liquidez e direção para o mercado de capitais brasileiro.

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