Capital estrangeiro mantém fôlego e impulsiona a B3 em setembro

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Capital estrangeiro mantém fôlego e impulsiona a B3 em setembro

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Foto: Shutterstock/William Potter

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Setembro foi marcado por uma forte entrada de capital estrangeiro na B3, com saldo líquido positivo de R$ 5,267 bilhões, o maior do segundo semestre de 2025 até agora. O resultado não apenas superou com folga os R$ 1,168 bilhão registrados em agosto, como também confirmou o segundo mês consecutivo de aportes após a saída de R$ 6,268 bilhões em julho. Ainda assim, o volume ficou um pouco abaixo dos R$ 5,390 bilhões de junho e distante dos R$ 10,662 bilhões de maio. O contraste em relação ao mesmo período do ano passado é expressivo: em setembro de 2024 houve saída líquida de R$ 1,671 bilhão.

A penúltima semana de setembro foi decisiva, com entrada líquida de R$ 2,908 bilhões, sinalizando o fôlego renovado após meses de instabilidade. Na prática, a segunda quinzena concentrou praticamente todo o saldo do mês, com aporte líquido de R$ 5,107 bilhões entre os dias 16 e 30.

Apesar desse resultado expressivo, o volume de operações revelou cautela. As compras somaram R$ 278,885 bilhões, enquanto as vendas alcançaram R$ 273,618 bilhões, patamar muito semelhante ao observado em julho e agosto. Esse comportamento indica uma postura de confiança seletiva por parte dos estrangeiros: sem liquidar posições, mas ainda em compasso de espera diante das incertezas globais e domésticas. Em outras palavras, setembro combinou uma forte entrada líquida com uma espécie de paralisação parcial das alocações.

Com o resultado de setembro, o fluxo estrangeiro atingiu R$ 27,072 bilhões no acumulado de 2025, o maior patamar do ano e também o mais elevado para um mês de setembro desde 2022. Esse movimento reforça o papel do investidor internacional como fonte essencial de liquidez e dinamismo para o mercado de capitais brasileiro.

O fortalecimento do fluxo foi acompanhado pela performance do Ibovespa, que avançou 3,40% no mês, alcançando o recorde histórico de 147 mil pontos no intraday e encerrando setembro em 146.237 pontos. O dia anterior ao recorde no fechamento concentrou a segunda maior entrada de capital estrangeiro do mês, de R$ 1,138 bilhão em um único pregão, sinalizando o peso da participação internacional na volatilidade da bolsa.

O cenário interno também contribuiu. O IPCA de agosto registrou deflação de 0,11%, surpreendendo positivamente, enquanto a taxa de desemprego permaneceu em 5,6%, o menor nível da série iniciada em 2012. Esses dados reforçaram a percepção de que a economia brasileira segue resiliente, mesmo com a Selic mantida em 15% ao ano.

No câmbio, o real se valorizou 2,03% frente ao dólar Ptax em setembro, resultado atribuído tanto à entrada de capital estrangeiro quanto à expectativa de cortes de juros futuros. Essa combinação fortaleceu a atratividade dos ativos locais, em especial de setores defensivos, favorecidos pela busca por empresas com fluxo de caixa previsível e menor volatilidade.

No plano internacional, a decisão do Federal Reserve de cortar juros pela primeira vez em nove meses, para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano, aumentou o apetite por mercados emergentes. A redução do retorno nos Treasuries elevou a atratividade relativa de países como o Brasil.

Apesar disso, os estrangeiros seguiram cautelosos. A paralisação do governo dos EUA (shutdown) e o impasse orçamentário trouxeram novas incertezas, enquanto as tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos seguem no radar. A perspectiva de um encontro entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva trouxe algum alívio, sobretudo para setores sensíveis às tarifas, como agronegócio e mineração, mas ainda não dissipa todos os riscos.

O saldo robusto de setembro mostra uma retomada de confiança do capital estrangeiro, que ajudou a impulsionar o Ibovespa a níveis recordes. Ainda assim, o movimento segue acompanhado de prudência e seletividade, com investidores atentos aos próximos passos do Federal Reserve, às negociações comerciais entre Brasil e EUA e aos desafios fiscais domésticos.

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