Fundos DI e fundos de renda fixa investem de forma direta ou indireta (através da aquisição de cotas de outros fundos) quase a totalidade de seu patrimônio em títulos de renda fixa, tanto prefixados quanto pós-fixados. Mas, qual a diferença entre eles?
Segundo dados divulgados pela Anbima em 25/set/14, os fundos DI representavam 15,63% do patrimônio total (R$ 2,37 trilhões) dos fundos de investimento (sem considerar fundos imobiliários, de direitos creditórios e de participação) no Brasil, enquanto os fundos de renda fixa representavam 32,08%. Veja no gráfico abaixo a participação relativa de cada tipo de fundos de investimento.
Os fundos de investimento são regulamentados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e, para cada tipo de fundo, são estabelecidas regras que os administradores de fundos devem seguir ao compor os seus ativos.
– Como investir pouco dinheiro
– Poupança x LCI x Fundo DI x CDB-DI
Os Fundos Referenciados DI devem identificar em sua denominação o seu
indicador de desempenho, em função da estrutura dos ativos financeiros integrantes das respectivas carteiras, desde que atendidas, cumulativamente, às seguintes condições:
I – tenham 80% (oitenta por cento), no mínimo, de seu patrimônio líquido representado, isolada ou cumulativamente, por:
a) títulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou do Banco Central do Brasil;
b) títulos e valores mobiliários de renda fixa cujo emissor esteja classificado na categoria baixo risco de crédito ou equivalente, com certificação por agência de classificação de risco localizada no País;
II – estipulem que 95% (noventa e cinco por cento), no mínimo, da carteira seja composta por ativos financeiros de forma a acompanhar, direta ou indiretamente, a variação do indicador de desempenho (“benchmark”) escolhido;
III – restrinjam a respectiva atuação nos mercados de derivativos à realização de operações com o objetivo de proteger posições detidas à vista, até o limite dessas.
Já os Fundos de Renda Fixa devem possuir, no mínimo 80% (oitenta por cento) da carteira em ativos relacionados diretamente, ou sintetizados, via derivativos, aos principais fatores de risco da carteira, que são a variação da taxa de juros doméstica ou de índice de inflação, ou ambos.
Basicamente, podemos dizer que um fundo DI investe em títulos pós-fixados indexados à taxa CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Já um fundo de renda fixa, geralmente investe em títulos prefixados ou então indexados a outros índices como os de inflação (em geral, IGP-M ou IPCA).
Para entender a dinâmica de funcionamento destes fundos, é preciso compreender as diferenças entre um investimento indexado à taxa CDI e outro prefixado.
A diferença mais perceptível é que, ao investir em um título pós-fixado, não se sabe quanto irá receber no vencimento. No exemplo abaixo, ao investir R$ 1.000 por 1 ano em um título indexado ao CDI, não há como saber quanto se receberá no vencimento, pois não há como saber com certeza e de forma antecipada como o CDI irá evoluir ao longo do tempo. Por outro lado, desde que o título tenha sido emitido por uma instituição sólida (com baixíssimo risco de crédito), ele não desvalorizará quando o CDI subir. Assim, ao comprar um título indexado ao CDI por R$ 1.000, mesmo que o CDI suba de 10% para 11% ao ano, no minuto seguinte, o título continuará valendo R$ 1.000. Como o fundo DI aplica quase todo o seu patrimônio neste tipo de título, raramente este fundo terá prejuízo.
Quanto ao investimento em um título prefixado, já se sabe de início quanto irá receber no vencimento. No exemplo abaixo, a remuneração proporcionada por um ano de aplicação será de 10%, o que implica receber R$ 1.100 no vencimento, sendo R$ 1.000 de principal (o valor investido originalmente) e R$ 100 de juros.
Bom, se ao investir em um título prefixado eu sei quanto eu vou receber no vencimento, porque este investimento apresenta mais risco do que outro indexado ao CDI?
A resposta a esta pergunta reside no fato de que, em caso de venda antecipada, há o risco de se perder dinheiro no título prefixado. Como exemplo, digamos que logo após a compra do título, você resolva vendê-lo. Só que agora, a taxa de juros de mercado passou de 10% para 11% ao ano. Isto significa que os seus R$ 1.100 a receber daqui a um ano e que valiam R$ 1.000 hoje, passaram a valer apenas R$ 990,99, o que representa uma perda (desvalorização) de 0,90%.
Vendo de outra forma, para receber os mesmos R$ 1.100 daqui a um ano, o investidor precisaria de apenas R$ 990,99 ao invés de R$ 1.000.
Quanto ao título indexado ao CDI, caso ele fosse vendido neste mesmo dia, seu valor de mercado continuaria sendo de R$ 1.000, sem prejuízo ao investidor, como já explicamos anteriormente.
E se, ao invés de comprar um título prefixado de 1 ano, eu optasse por um de 2 anos?
Neste caso, supondo que a taxa de mercado inicial seja de 10% ao ano, ao investir R$ 1.000 agora, eu receberia R$ 1.210 daqui a dois anos.
No entanto, se, no momento seguinte à compra, a taxa de juros de mercado passasse a ser de 11% ao ano, o meu título passaria a valer apenas R$ 982,06, desvalorizando 1,79%.
Nestas mesmas condições, um título de 10 anos apresentaria perda ainda maior, -8,65%. Assim, quanto mais longo for o vencimento de um título prefixado, maior risco ele terá com as oscilações das taxas de mercado.
No caso de títulos indexados a um índice de inflação, estes normalmente são negociados pela variação da inflação acrescida de uma taxa prefixada, por exemplo, IPCA + 6% ao ano. Na comparação com um título prefixado de mesmo prazo, o título indexado a um índice de inflação apresenta menor risco, por ter uma “parcela” prefixada menor. No entanto, enquanto os títulos prefixados costumam ser negociados com prazos inferiores a 5 anos, os títulos atrelados a índice de inflação chegam a ter vencimentos superiores a 30 anos.
Desta forma, como um fundo de renda fixa é composto principalmente por títulos prefixados e/ou indexados a índice de inflação, o investimento em fundos de renda fixa apresenta risco superior ao de um fundo DI. Isto pode ser acompanhado nos rankings de investimentos que divulgamos todos os meses.
Felizmente, não há necessidade de fazer estes cálculos na hora de decidir em qual fundo aplicar, mas é importante ter em mente o risco que se está assumindo ao fazer os seus investimentos para não ser pego de surpresa.
Veja como está a rentabilidade dos fundos DI frente aos de Renda Fixa e decida qual o tipo de risco você está disposto a assumir considerando o seu perfil de investidor.
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