Weg (WEGE3) perde R$ 21 bi em valor de mercado após resultados abaixo do esperado

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Weg (WEGE3) perde R$ 21 bi em valor de mercado após resultados abaixo do esperado

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A Weg (WEGE3) perdeu mais de R$ 21 bilhões em valor de mercado após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25), que frustraram parte das expectativas do mercado. Apesar de reportar um lucro líquido de R$ 1,592 bilhão, alta de 10,4% em relação ao mesmo período do ano passado, o número ficou abaixo das projeções dos analistas, que estimavam R$ 1,76 bilhão. O Ebitda do trimestre somou R$ 2,260 bilhões, crescimento de 6,5% na base anual, com margem de 22,1%, uma queda de 0,8 ponto percentual. A receita líquida avançou 10,1%, totalizando R$ 10,2 bilhões.

Mesmo com números positivos na comparação anual, o mercado reagiu negativamente. As ações da empresa acumulam queda de 12,46% desde a divulgação do balanço e encerraram a semana cotadas a R$ 36,17, o menor nível desde fevereiro de 2024. Com isso, o valor de mercado da Weg recuou para R$ 151,8 bilhões. Segundo a administração da companhia, o desempenho foi puxado pela continuidade dos negócios de ciclo longo, voltados à infraestrutura elétrica de transmissão e distribuição (T&D), que compensaram a ausência de novos projetos no segmento de geração eólica, bastante relevante nos trimestres anteriores.

No entanto, analistas destacaram fatores de pressão importantes. Entre eles, a acomodação da demanda no Brasil, a desaceleração nos mercados internacionais e um cenário geopolítico mais incerto, que afetou a procura por equipamentos de ciclo longo. Além disso, a integração de aquisições como Marathon, Cemp e Rotor, além do aumento nos custos logísticos, também pesaram sobre as margens. No Brasil, a receita foi impactada por uma retração relevante no segmento de geração eólica, além de menor crescimento em produtos de ciclo curto, como motores comerciais, redutores e soluções seriadas de automação. A empresa, por outro lado, destacou como pontos positivos o crescimento nos negócios de geração solar e o avanço contínuo nas entregas de projetos de T&D.

No exterior, a companhia observou evolução nas vendas de equipamentos de ciclo curto em suas principais regiões de atuação, com destaque para motores comerciais e appliances. Em T&D, houve crescimento na América do Norte, apoiado pela estratégia de expansão da capacidade produtiva para capturar oportunidades com os investimentos em infraestrutura energética. Ainda assim, o segmento de GTD apresentou resultado misto: queda de 13,1% na receita doméstica, somando R$ 2,07 bilhões, e crescimento de apenas 1,6% no exterior, totalizando R$ 2,04 bilhões — ambos abaixo das expectativas dos analistas, que projetava receitas de R$ 2,3 bilhões e R$ 2,2 bilhões, respectivamente.

Outro fator que tem pesado sobre as ações da Weg é o impacto das tarifas anunciado por Donald Trump, que prevê elevação de tarifas para produtos brasileiros de 10% para 50%. A Weg é uma das empresas brasileiras mais expostas ao mercado norte-americano, com cerca de 25% da receita vinda dos EUA. Estima-se que a companhia exporte até R$ 2 bilhões em motores de baixa tensão para os Estados Unidos, e com o aumento tarifário, o custo adicional pode chegar a R$ 809 milhões ao ano. Embora boa parte da produção ocorra no México, país que pode ficar isento de tarifas devido ao acordo de livre comércio USMCA, os analistas alertam para o risco de impactos indiretos caso as medidas sejam ampliadas.

Durante a teleconferência de resultados, os executivos da Weg afirmaram que a empresa já estuda formas de realocar suas rotas de exportação. A ideia seria usar o Brasil para atender à demanda de países como México e Índia, enquanto a produção dessas localidades abasteceria o mercado norte-americano. O diretor administrativo-financeiro da empresa, André Rodrigues, destacou que a estratégia exige alguns meses para ser implementada, mas que a Weg já possui a flexibilidade necessária para adaptar sua operação. Ele reforçou que, até o momento, os impactos têm sido mitigados por recomposições de preços, o que evitou uma pressão ainda maior sobre as margens no segundo trimestre.

A companhia também anunciou a distribuição de R$ 719,35 milhões em dividendos intermediários, equivalentes a R$ 0,171 por ação, com base na posição acionária de 25 de julho de 2025. Apesar da forte queda das ações em dois dias seguidos, a Weg conseguiu encerrar o pregão mais recente com leve recuo de 0,17%, mantendo certa estabilidade diante do ambiente de tensão.

Segundo compilado do Trademap com bancos, corretoras e casas de análise, a Weg conta atualmente com seis recomendações de compra e cinco para manter. A visão de longo prazo da companhia, aliada à sua flexibilidade operacional e presença global, continua sendo apontada como um diferencial relevante para atravessar um cenário externo mais adverso.

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