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Tem dívidas? Confira as dicas para se organizar e saber o que priorizar na negociação

Caneta vermelha, calculadora e calendário com o dia 15 circulado. Todos em cima de uma mesa.

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Tem dívidas? Confira as dicas para se organizar e saber o que priorizar na negociação

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Com a chegada de um novo ano, a decisão de organizar as finanças ganha um lugar prioritário na lista de consumidores endividados. E quem tem diversas contas a pagar sabe que lidar com elas não é tarefa simples.

Para começar, definir as prioridades de quais dívidas devem ser liquidadas primeiro é imprescindível. Antes, porém, a pessoa endividada deve ter a clareza de todos os fatores que prejudicam seu ganho mensal e, a partir disso, manter a disciplina para colocar em prática um plano para a gestão das contas a pagar.

“É importante que o consumidor faça o planejamento, anote suas dívidas, todas as compras do dia a dia e as pequenas despesas que podem comprometer o orçamento para começar a colocar a vida financeira em ordem”, afirma Kelly Carvalho, assessora econômica da Fecomercio-SP.

Quais são as dívidas prioritárias?

No topo das prioridades, devem ser consideradas as dívidas de maior risco. São aquelas que possuem bens materiais como garantia e as de juros elevados, como as detidas em cartões de crédito e cheque especial.

Há também as dívidas relacionadas à educação. Nesse caso, prefira negociar com a instituição a usar o cheque especial para pagar mensalidades de faculdade ou escolares atrasadas. Os juros desse tipo de crédito concedido por bancos são muito superiores aos cobrados por instituições de ensino em caso de atraso no pagamento, destaca Thiago Ramos, gerente da Serasa.

Em outubro de 2022, a taxa do cheque especial alcançou uma média de 132,5% ao ano, segundo dados do Banco Central. O crédito pessoal tem uma taxa menor, de 83,5%, assim como o consignado, de 27,6% ao ano.

Palavras de ordem: negociação de valor e prazo

Antes de pagar qualquer dívida, a tarefa mais importante é negociar o valor devido, assim como a quantidade de parcelas. Bancos e outras instituições financeiras tendem a reduzir os montantes a serem pagos com o intuito de receber algum recurso que, de certa forma, já era considerado perdido.

Thiago Ramos, gerente da Serasa, aponta que, passada essa etapa, o endividado deve considerar o número de parcelas negociadas para a quitação do valor. A quantia a ser paga a cada mês precisa caber no orçamento, levando em conta as demais contas do dia a dia, como as essenciais (água, luz, moradia), para que a negociação assumida seja viável.

Ele afirma que, eventualmente, deixar de pagar uma dessas contas básicas por um mês pode ser mais adequado do que atrasar uma parcela de dívida com juros elevados, como os cobrados por instituições financeiras.

E, se houver alguma possibilidade, vale propor o pagamento da dívida em uma única parcela. Para isso, há a opção até da contratação de um empréstimo com juros mais baixos, que inclusive pode ser suficiente para quitar o valor devido.

Cartão de crédito

Uma ação a ser evitada é o uso do rotativo do cartão, que corresponde a um crédito oferecido ao consumidor quando ele não faz o pagamento total da fatura até o vencimento. Em outubro, a taxa média desse tipo de financiamento atingiu 196,9% ao ano.

“Partir para uma negociação também é melhor do que pagar o valor mínimo exigido [que só posterga a dívida para o mês seguinte], mesmo que isso signifique o congelamento do limite do crédito do cartão. A medida é melhor do que começar a pagar juros, já que, em dois meses, a fatura pode até dobrar de tamanho”, afirma o gerente da Serasa.

Parar de usar o cartão pode ser uma ação necessária para evitar gastos acima da renda ou do orçamento já abarrotado de dívidas. “Se o consumidor guardar o cartão, a fatura do mês seguinte vai ser zero”, ressalta Eduardo Dellavolpi, planejador financeiro com certificação CFP e consultor CVM.

Cheque especial

A orientação é que a pessoa endividada também deixe de usar o chamado “cheque especial”, um tipo disponível em conta para o cliente recorrer sempre que precisar. Nesse caso, não é necessário que o correntista vá ao banco assinar um contrato de empréstimo a cada necessidade de uso do cheque especial.

Então, nada de utilizar recursos extras concedidos pelas instituições financeiras e o chamado “limite” disponível no cartão de crédito como “extensão do salário”, alerta Ramos.

Atendimento no Procon-SP

Por meio do Procon-SP, o consumidor endividado consegue orientação para organizar sua vida financeira e planejar os pagamentos de dívidas, além de obter ajuda para renegociar valores com os credores.

O chamado Programa de Apoio ao Superendividado (PAS) é um trabalho conjunto do Núcleo de Tratamento do Superendividamento da Fundação Procon-SP e do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).

O público-alvo são pessoas físicas com qualquer renda familiar.

E na Serasa, o consumidor pode consultar o CPF e verificar se existem dívidas em seu nome, por meio do uso de seus dados financeiros e documentos.

Além disso, há o serviço de negociação de dívidas que pode ser feito nos Correios, em uma parceria com a Serasa. O consumidor interessado pode ir a uma das agências com seu CPF e um documento oficial com foto e solicitar atendimento para o Serasa Limpa Nome.

Lá mesmo, é possível consultar as dívidas, fechar acordo, se for o caso, e receber o boleto para pagamento. De acordo com a Serasa, a baixa da dívida por ocorrer em até cinco dias.

Dívidas, não mais!

Nesse caminho de combate ao endividamento, há também a “proibição” de adquirir novas dívidas antes que se tenha o controle do que foi planejado e se tudo está correndo como previsto.

É sempre importante não ultrapassar o patamar de dívidas considerado adequado para a vida financeira. “O endividamento saudável é o que não compromete mais que 30% da renda”, diz Carvalho.

O objetivo é gerar um grau de segurança para que a parcela da renda destinada a dívidas não afete a receita mensal a ponto de impedir o pagamento de consumo e serviços básicos e de levar à inadimplência.

13º salário

Para ter mais fôlego diante das dívidas, o 13ºsalário vem a calhar. A venda das férias também pode ser um recurso pontual para contribuir para a quitação do saldo devedor. Caso o endividado não tenha direito a esse período de forma remunerada, deve pensar em adiar a saída para o período de descanso para evitar gastos em eventual viagem ou com atividades de lazer não rotineiras.

Na avaliação de Dellavolpi, a gestão da dívida esbarra muitas vezes no medo que as pessoas têm de saber quanto realmente estão devendo. Com isso, a bola de neve só aumenta, e há uma maior dificuldade para o saneamento das contas.

Em casos muito complexos, de alto endividamento e um número elevado de contas em atraso, o planejador financeiro sugere a suspensão dos pagamentos por um período para que tudo o que se tem a quitar seja colocado em ordem de prioridade.

A partir de então, é possível enxergar melhor a capacidade de pagamento mensal, negociar com os credores com mais tempo e, aí sim, retomar os pagamentos.

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