O Ibovespa iniciou esta quinta-feira (10) em queda de 1,02%, aos 136.036 pontos, refletindo o peso das incertezas que pairam sobre o mercado brasileiro. Em um cenário carregado de tensão, investidores reagem à ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA a partir de 1º de agosto. Ao mesmo tempo, dados de inflação acima do esperado e expectativas em torno da fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contribuem para o clima de apreensão e cautela nas negociações.
A ameaça de Trump representa mais do que uma medida econômica: ela escancara o risco de um abalo nas relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A alíquota, a mais agressiva anunciada até agora nessa nova rodada de cartas comerciais do governo norte-americano, atinge diretamente setores fundamentais da economia brasileira, como aço, alumínio e agronegócio. Empresas brasileiras com papéis negociados em Nova York já registram quedas no pré-mercado, antecipando um dia difícil para os ativos nacionais e um provável impacto nas exportações, no PIB e no ambiente de negócios.
Em resposta, o presidente Lula se posicionou de forma enfática. Por meio de nota oficial, garantiu que qualquer tentativa de impor barreiras comerciais será enfrentada com reciprocidade. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, afirmou. Enquanto isso, em Brasília, a Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara promove uma audiência pública para discutir os impactos dessas tarifas. Especialistas lembram que os EUA representam 55% das exportações brasileiras de aço. Esse conflito não é apenas político, ele mexe diretamente com o bolso da economia brasileira.
A tensão se soma ao cenário interno já pressionado por inflação resiliente. O IPCA de junho subiu 0,24%, levemente abaixo do mês anterior, mas acima da expectativa do mercado, acumulando 5,35% em 12 meses. Um dado que mantém viva a preocupação com o custo de vida e limita qualquer esperança de afrouxamento monetário no curto prazo. Neste contexto, o ministro Fernando Haddad aparece como figura central do dia. Sua entrevista ao Canal do Barão, às 10h, é esperada como uma oportunidade para o governo reafirmar compromissos fiscais e reforçar o diálogo com o mercado.
Diante desse turbilhão, o recuo do Ibovespa é mais do que um número. A forma como Brasília responderá a esses desafios pode marcar um divisor de águas nas expectativas dos investidores e na trajetória da nossa economia nos próximos meses.
Por volta das 10h35, as listas das maiores altas e baixas eram dominadas por:
Altas
• CSN (CSNA3): +4,04%
• Vale (VALE3): +3,78%
• Bradespar (BRAP4): +3,28%
Baixas
• Embraer (EMBR3): -5,50%
• Minerva (BEEF3): -5,11%
• MRV (MRVE3): -3,17%
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