Shutdown, corte de juros e balanços: o que movimentou o Ibovespa em outubro

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Outubro foi marcado por volatilidade nos mercados, com destaque para o início do shutdown, paralisação parcial do governo causada pela falta de acordo entre democratas e republicanos sobre o orçamento, nos EUA, provocado pelo impasse no Congresso. A paralisação elevou preocupações sobre o crescimento do PIB americano. No cenário externo, a tensão entre EUA e China deu lugar a uma trégua comercial após encontro entre Trump e Xi Jinping, com redução de tarifas e avanços em temas como terras raras e fentanil.

No Brasil, os indicadores surpreenderam positivamente, o IPCA-15 desacelerou, sinalizando desinflação, e a taxa de desemprego caiu para 5,6%, a menor da série histórica. Nos EUA, o Fed reduziu os juros para 3,75% – 4,00% ao ano, reforçando a perspectiva de afrouxamento monetário global. Esse ambiente mais benigno foi favorável para o desempenho do Ibovespa, que fechou o mês renovando máximas históricas, ultrapassando os 149 mil pontos, puxado por papéis sensíveis ao consumo e ao ciclo de crédito.

O mês também marcou o início da temporada de resultados do 3º trimestre, com o mercado repercutindo os primeiros balanços de empresas listadas, o que adicionou mais volatilidade às negociações. Nas maiores altas, o destaque ficou com empresas do setor siderúrgico e de commodities. Por outro lado, as principais quedas incluíram empresas ligadas ao varejo e consumo, afetadas por resultados fracos, endividamento elevado ou eventos corporativos negativos.


Entre as principais altas do mês, se destacaram:

Usiminas (USIM5): (34,04%)

Usiminas liderou o ranking de valorização no mês, com alta de 34,04%, mesmo tendo reportado prejuízo líquido de R$ 3,50 bilhões no 3º trimestre. A disparada reflete a percepção do mercado sobre uma trajetória positiva de desalavancagem, liquidez fortalecida e possibilidade de retomada no pagamento de proventos ainda este ano. Mesmo em um ambiente desafiador para o setor siderúrgico, marcado por margens apertadas e concorrência das importações, os investidores reagiram de forma otimista ao posicionamento estratégico da empresa.

Cosan (CSAN3): (19,49%)

A holding Cosan subiu 19,49%, embalada por uma reprecificação de sua tese de investimento. A injeção bilionária de capital por parte de acionistas estratégicos, gerou expectativa de reorganização financeira na holding, além de menor pressão sobre sua alavancagem. A queda da curva de juros doméstica também favoreceu as projeções de fluxo de caixa das controladas, elevando o apetite dos investidores pelos papéis da companhia.

Metalúrgica Gerdau (GOAU4): (16,49%)

A metalúrgica, avançou 16,49%, refletindo a resiliência das operações internacionais, principalmente na América do Norte. O bom desempenho operacional no exterior compensou pressões enfrentadas no mercado doméstico, sustentando o entusiasmo do mercado com a continuidade da geração de caixa e a disciplina de custos.

Weg (WEGE3): (15,06%)

Com valorização de 15,06%, a companhia foi beneficiada por sua diversificação geográfica e adaptabilidade logística. A empresa conseguiu mitigar os efeitos das tarifas norte-americanas redirecionando exportações, ao mesmo tempo em que anunciou um ambicioso plano de investimento de R$ 1,1 bilhão até 2028 para expansão no Brasil, sinalizando confiança na demanda futura e reforçando seu posicionamento global.

Gerdau (GGBR4): (14,03%)

Assim como a Gerdau Metalúrgica (GOAU4), a Gerdau também entregou performance relevante, com alta de 14,03%. Além da resiliência operacional, a empresa anunciou recompra de dívidas de longo prazo e deu sinais de manutenção de disciplina financeira, o que fortaleceu a confiança do mercado.

Hypera (HYPE3): (13,68%)

Com alta de 13,68%, Hypera foi apoiada por um sólido desempenho operacional no trimestre. A farmacêutica apresentou crescimento expressivo nas vendas ao varejo, redução no ciclo financeiro e foco em categorias de maior margem. A combinação desses fatores, em um cenário de juros mais baixos, atraiu investidores interessados em nomes de qualidade no setor de consumo.

Vale (VALE3): (13,34%)

A mineradora encerrou o mês com valorização de 13,34%, impulsionada por uma performance operacional robusta no 3T25. A mineradora reportou lucro líquido de R$ 2,68 bilhões, e reafirmou sua política de retorno ao acionista, incluindo possibilidade de dividendos extraordinários. A força da geração de caixa, combinada à estabilização dos preços do minério de ferro, contribuiu para o movimento positivo das ações.


Entre os destaques negativos ficaram:

Brava (BRAV3): (-17,91%)

As ações da Brava Energia lideraram as perdas com queda de 17,91%, mesmo com avanço de 7% na produção no 3T25. O mercado reagiu negativamente ao cronograma de manutenções programadas em unidades de produção, que devem interromper parte das operações nos próximos meses. A menor previsibilidade de fluxo de caixa e o risco operacional mais elevado reduziram o apetite por risco no papel.

Hapvida (HAPV3): (-12,75%)

Hapvida também figurou entre os destaques negativos, recuando 12,75%. A operadora de planos de saúde reportou resultados abaixo do esperado, com pressão sobre margens, alta sinistralidade e dificuldades no controle de custos. O mercado penalizou a performance, ainda sensível após o processo de fusão com o Grupo NotreDame Intermédica.

Magazine Luiza (MGLU3): (-11,77%)

A gigante do varejo caiu 11,77%, em meio à realização de lucros após forte alta recente e à divulgação de indicadores de crescimento ainda tímidos frente à concorrência. O principal gatilho negativo foi a parceria entre Casas Bahia e Mercado Livre, anunciada no fim do mês, que amplia o alcance digital da concorrente e reforça sua presença no e-commerce, território onde o Magalu é um dos líderes. A empresa segue enfrentando margens comprimidas e uma dinâmica desafiadora, com forte competição e risco de desaceleração no consumo.

Marcopolo (POMO4): (-11,45%)

Em outubro de 2025, as ações da Marcopolo (POMO4) registraram queda de 11,45% diante da divulgação de um balanço considerado misto pelo mercado. Apesar do avanço nas exportações e da manutenção de margens operacionais sólidas, o faturamento doméstico recuou 15%, pressionado pelos altos custos de financiamento. O lucro líquido do terceiro trimestre somou R$ 329,6 milhões, queda de 1,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que levou investidores a adotarem uma postura mais cautelosa com o papel.

Fleury (FLRY3): (-9,85%)

As ações da companhia de diagnóstico e serviços de saúde recuou 9,85%, em meio ao arrefecimento das expectativas de crescimento. A redução na demanda por exames eletivos, somada a um cenário macroeconômico mais moderado e à possível normalização da demanda pós-pandemia, impactou a tese de expansão do grupo de medicina diagnóstica. Outro fator que adicionou volatilidade foi o rumor de uma possível fusão com a Rede D’Or. A ausência de informações concretas ou sinais claros de avanço na negociação gerou incertezas, o que somado à leitura de enfraquecimento operacional da companhia, pressionou o papel.

Assai (ASAI3): (-9,57%)

O varejista atacadista desvalorizou 9,57%, influenciado pela percepção de saturação no segmento de atacarejo e pressões inflacionárias sobre os custos operacionais. O ambiente competitivo acirrado, combinado a um consumo ainda lento, reduziu as margens e afetou o desempenho das ações.

Marfrig (MBRF3): (-7,98%)

As ações da Marfrig recuaram 7,98% em outubro, pressionada por margens mais estreitas, custos logísticos elevados e menor rentabilidade nas exportações. O mercado também reagiu com cautela à recente fusão com a BRF, concluída em setembro, que deu origem à MBRF Global Foods Company. Embora a operação prometa ganhos de escala e sinergias, investidores ainda avaliam os riscos de integração e os desafios operacionais no curto prazo. Apesar disso, reduziram parte das perdas com a criação da nova marca Sadia Halal, voltada ao mercado de proteínas certificadas para países islâmicos, sinalizando uma ofensiva estratégica para diversificação de receitas

Raizen (RAIZ4): (-6,86%)

A Raízen encerrou outubro em queda de 6,86%, impactada por incertezas envolvendo sua estrutura de capital. Apesar do comunicado oficial negando reestruturação da dívida, o alto nível de endividamento e os custos elevados de financiamento acenderam alertas no mercado de crédito, pressionando os papéis. Além disso, há cerca de 15 dias, seu papel é negociado abaixo de R$ 1, entrando tecnicamente na zona de alerta para se tornar uma penny stock


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