Mercado inicia a semana entre alívio político, cautela com juros e forte agenda corporativa

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Mercado inicia a semana entre alívio político, cautela com juros e forte agenda corporativa

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Foto: Shutterstock/saicle

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O Ibovespa começou a semana tentando recuperar parte do tombo da sexta-feira, quando as incertezas eleitorais aumentaram a aversão ao risco. Nesta segunda-feira (8), o índice avançou 0,52% e fechou aos 158.187 pontos, em meio a um pregão marcado por forte volatilidade e pela influência direta do noticiário político.

Logo pela manhã, investidores reagiram à possibilidade de recuo de Flávio Bolsonaro em sua pré-candidatura à Presidência em 2026. O movimento renovou brevemente a expectativa de que Tarcísio de Freitas permaneça como principal nome competitivo da direita, um cenário visto como mais previsível pelo mercado. Mas já no fim da tarde, Flávio classificou sua candidatura como “irreversível”, afastando qualquer composição com Tarcísio e devolvendo tensão aos preços dos ativos. Analistas destacam que o ciclo eleitoral e a trajetória da Selic serão os grandes vetores do mercado em 2026, em um ambiente que tende a repetir a volatilidade das últimas semanas.

No campo macroeconômico, o foco se divide entre Brasil e Estados Unidos. Lá fora, a atenção está na decisão do Federal Reserve, que deve cortar os juros em 0,25 ponto, embora o tom do comunicado ainda seja incerto, especialmente após novas pressões de Donald Trump por juros mais baixos. Uma sinalização mais conservadora pode reduzir o fluxo para emergentes no curto prazo. No Brasil, o Copom anuncia sua decisão na quarta-feira. Mesmo com melhora recente da inflação e recuo das expectativas no Focus, a indicação predominante é de que o Banco Central só deve iniciar o ciclo de cortes em março de 2026, atento ao impacto fiscal do aumento da faixa de isenção do IR em um mercado de trabalho aquecido.

IRB liderou altas com revisão positiva, enquanto as commodities e siderurgia dividiram as atenções. IRB (IRBR3) disparou 10,20% após o JPMorgan elevar a recomendação para compra e ajustar o preço-alvo para R$ 64. O relatório projeta solvência acima de 260% em 2025 e potencial de dividendos crescentes, com dividend yield estimado em 18% para 2028. A reprecificação marca uma mudança relevante na percepção do mercado após anos de turbulência envolvendo o ressegurador.

Entre as gigantes de commodities, o Itaú BBA avaliou que a Vale (VALE3) vive seu melhor momento operacional desde o desastre de Brumadinho. Ainda assim, analistas reforçam que novas altas seguem condicionadas ao comportamento do minério de ferro. O fluxo de caixa livre mais comprimido e o fechamento do desconto histórico em relação às mineradoras australianas também limitam o espaço para valorização. O papel recuou 0,68% no dia.

A Raízen (RAIZ4) voltou ao radar após relatório do UBS-BB rebaixar a recomendação para venda e cortar o preço-alvo em 36%. A empresa vem enfrentando cenário turbulento pressionada por juros altos, endividamento elevado e preços mais fracos de etanol e açúcar. Ainda assim, os papéis avançaram 4,82% no pregão, em movimento de correção técnica após semanas negativas.

No setor de saúde, Hapvida (HAPV3) registrou uma das maiores quedas do dia, recuando 6,01%. Dados da ANS mostraram nova perda de beneficiários em outubro, com destaque para a NotreDame Intermédica (NDI), que segue com dificuldades operacionais em São Paulo. Analistas afirmam que a empresa enfrenta concorrência crescente, especialmente da Amil, e ainda não conseguiu estabilizar as adições líquidas. A falta de visibilidade para recuperação de margens e crescimento mantém investidores cautelosos, e parte do mercado avalia que a recomposição do preço das ações pode depender do programa de recompra.

A SLC Agrícola (SLCE3) aprovou o pagamento de R$ 20 milhões em Juros sobre Capital Próprio e R$ 380 milhões em dividendos intercalares, com pagamentos previstos para 22 e 23 de dezembro. As ações subiram 3,43% após o anúncio.

No varejo, uma das principais notícias do dia foi o acordo de R$ 786 milhões entre GPA, Casas Bahia e Assaí para a venda de suas participações na Financeira Itaú CBD (FIC) ao Itaú Unibanco. GPA e Casas Bahia receberão cerca de R$ 520 milhões imediatamente, reforçando o caixa em um momento de forte estresse financeiro, enquanto a fatia do Assaí será adquirida apenas na segunda etapa da transação, daqui a dois anos. A operação encerra uma parceria de quase duas décadas na concessão de crédito e cartões de loja.

Para GPA e Casas Bahia, o negócio traz alívio imediato: ambas enfrentam dívidas elevadas, margens comprimidas e necessidade de cumprir covenants no fechamento do ano fiscal. Já o Assaí segue em trajetória de desalavancagem, com Ebitda ainda pressionado, mas vê a operação como estratégica. As ações reagiram de forma mista: Assaí (ASAI3) caiu 4,43%, Itaú (ITUB4) subiu 0,49%, GPA (PCAR3) avançou 0,26% e Casas Bahia (BHIA3) recuou 1,49%.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• IRB (IRBR3): +10,20%

• Raízen (RAIZ4): +4,82%

• Cyrela (CYRE3): +4,17%

• SLC Agrícola (SLCE3): +3,43%

• BB Seguridade (BBSE3): +2,67%


Baixas

• Hapvida (HAPV3): 6,01%

• Assaí (ASAI3): 4,43%

• Natura (NATU3): 2,85%

• Hypera (HYPE3): 2,45%

• Rumo (RAIL3): 1,99%


Confira a evolução do IBOV no fechamento de hoje (08/12):

• Segunda-Feira (08): +0,52%

• Na semana: +0,52%

• Em dezembro: -0,56%

• No 4°tri./25: +8,17%

• Em 12 meses: +25,60%

• Em 2025: +31,51%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em queda:

• Dow Jones: -0,45%

• Nasdaq: -0,14%

• S&P 500: -0,35%


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