O pagamento de dividendos segue como uma das formas mais tradicionais de gerar renda passiva na bolsa, e o Dividend Yield (DY) continua sendo um dos indicadores mais acompanhados por investidores que buscam empresas com potencial de retorno recorrente. Embora o número possa parecer um atalho rápido para encontrar boas pagadoras, entender o que está por trás de cada percentual elevado faz toda a diferença — e, muitas vezes, o DY alto reflete movimentos específicos que nem sempre se repetem.
Entre as ações que compõem o IDIV, índice da B3 que reúne empresas com histórico consistente de distribuição de lucros, cinco companhias se destacaram nos últimos 12 meses pelos maiores dividend yields do mercado. Apesar dos percentuais expressivos, o investidor precisa avaliar caso a caso, pois alguns desses números decorrem de fatores pontuais, enquanto outros estão ligados à estratégia regular de remuneração adotada pelas empresas.

A Unipar (UNIP6) lidera o ranking de dividendos com um dividend yield de 25,04%, distribuindo R$ 11,48 por ação, refletindo o bom desempenho do setor químico. A empresa apresenta resultados financeiros robustos e mantém uma política de dividendos consistente, incluindo anúncios recentes de proventos adicionais. Além disso, movimentos estratégicos, como a captação de R$ 900 milhões em debêntures e conversas sobre aquisição de ativos da Braskem, demonstram confiança na gestão e potencial de crescimento, tornando a companhia atraente para investidores focados em renda.
A Vulcabras (VULC3) apresentou um dividend yield de 15,81%, distribuindo R$ 2,60 por ação, refletindo a solidez de suas operações no setor de calçados e artigos esportivos. A empresa mantém resultados financeiros robustos, além de forte geração de caixa, permitindo uma política de dividendos consistente, incluindo pagamentos mensais e extraordinários. Estratégias de crescimento, recompra de ações e alavancagem controlada reforçam a atratividade da Vulcabras, enquanto a gestão eficiente e a perspectiva de longo prazo sustentam sua recomendação de investimento para acionistas focados em proventos.
A Petrobras (PETR4) apresenta um dividend yield de 13,89%, distribuindo R$ 5,17 por ação. A forte geração de caixa da estatal, aliada a uma política de dividendos agressiva e consistente, torna-a uma das empresas mais recomendadas para investidores focados em renda. O Plano de Negócios 2026–2030, com aumento da produção, redução de custos operacionais e investimentos estratégicos, pode elevar ainda mais os dividendos, enquanto a alta do preço do petróleo e a eficiência na gestão de ativos reforçam a atratividade da companhia. Resultados sólidos, como o lucro líquido de R$ 36,6 bilhões em 2024, sustentam essa distribuição, consolidando a Petrobras como uma pagadora robusta de proventos e atraente para investidores de longo prazo.
O BR Partners (BRBI11) registrou um dividend yield de 13,76%, com proventos de R$ 2,07 por unit, refletindo sua capacidade de gerar resultados sólidos e consistentes no setor financeiro. Desde o IPO em 2021, o banco mantém uma política de dividendos ativa, incluindo pagamentos extraordinários, com payout histórico acima de 60–70%, sustentado por um balanço patrimonial robusto e forte geração de caixa. A gestão estratégica, voltada a fusões e aquisições, emissões de dívida e expansão internacional via ADRs, aliada à base crescente de investidores pessoa física, reforça a sustentabilidade dos dividendos e a atratividade da companhia mesmo em cenários macroeconômicos desafiadores.
A Lavvi (LAVV3) apresentou um dividend yield de 13,27%, distribuindo R$ 1,07 por ação, refletindo seu crescimento sólido no setor imobiliário e uma gestão financeira eficiente. A empresa mantém uma política de dividendos ativa, aliada a programas de recompra e cancelamento de ações para aumentar o lucro por ação e gerar valor aos acionistas. A expansão operacional e aquisições estratégicas, juntamente com a emissão de notas comerciais para financiar projetos, reforçam o potencial de valorização das ações e sustentam a atratividade da Lavvi para investidores focados em dividendos e crescimento.
Considerando uma carteira teórica composta por uma ação de cada uma dessas empresas, o investimento total seria de R$ 158,82 com base nos preços de fechamento em 09 de outubro de 2025. No período de 12 meses, o total de proventos recebidos somaria R$ 22,39, o equivalente a um retorno aproximado de 14% apenas com dividendos, sem considerar eventuais oscilações no preço das ações. Esse exemplo ilustra como a diversificação setorial — envolvendo segmentos como químico, petróleo, calçados, financeiro e imobiliário — pode contribuir para diluir riscos e maximizar o potencial de geração de renda passiva.
Mesmo assim, é fundamental reforçar que nem todo DY elevado representa uma oportunidade segura e sustentável. Eventos extraordinários, como venda de ativos ou oscilações expressivas no preço das ações, podem inflar o percentual, exigindo atenção redobrada por parte do investidor que busca retornos consistentes no longo prazo.