Copom mantém Selic em 15,00% a.a. e reforça postura cautelosa

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) manter a taxa Selic em 15,00% ao ano, em linha com a expectativa do mercado. Este é o maior patamar desde 2006 e marca a segunda reunião consecutiva em que a taxa básica permanece estável após o ciclo de altas iniciado no fim de 2024.

A decisão segue a orientação já indicada na reunião de julho, quando o BC destacou a necessidade de manter a política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado, até que o recuo recente da inflação se consolide.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,13% em 12 meses até agosto e, considerando a projeção do Focus para setembro (0,59%), o indicador deve fechar o período de 12 meses em cerca de 5,29%. Ambos os valores estão acima do teto da meta de 4,5%, embora as projeções apontem trajetória de desaceleração gradual, para 4,83% em 2025 e 4,30% em 2026.

Apesar de sinais de alívio inflacionário, o mercado de trabalho robusto e o consumo resiliente continuam pressionando os preços. Para analistas, esse ambiente exige juros elevados por um período prolongado, de modo a garantir a convergência da inflação à meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Economistas avaliam que a autoridade monetária deve manter o tom contracionista por mais tempo, com cortes apenas a partir de março de 2026. A estratégia de juros parados tem funcionado, ajudando a reduzir expectativas inflacionárias, ainda que a desinflação siga lenta.

Apesar de reforçar o combate à inflação, a Selic em 15% impõe custos à economia real, afetando crédito, investimento e crescimento. Dados recentes já mostram sinais de desaceleração: o IBC-Br recuou 0,5% em julho, a produção industrial perdeu fôlego e o varejo apresentou retração.

Analistas ressaltam que a valorização do real frente ao dólar e a entrada de capital estrangeiro têm ajudado no curto prazo, mas não são suficientes para abrir espaço a cortes.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano, no primeiro movimento de flexibilização desde dezembro. O banco central americano sinalizou ainda mais dois cortes até o fim de 2025, em resposta ao enfraquecimento do mercado de trabalho e à alta do desemprego. Para o Brasil, a decisão traz algum alívio no câmbio e nas expectativas inflacionárias, mas não altera a postura cautelosa do Copom.

O Copom volta a se reunir em novembro e dezembro, quando avaliará se os sinais de desaceleração da atividade e da inflação são consistentes o suficiente para considerar mudanças. Até lá, a indicação é de que a taxa básica seguirá estável em 15%, reforçando a mensagem de política monetária restritiva por tempo prolongado.

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