A disparada dos preços dos combustíveis com a alta do dólar e do petróleo tornou a vida do consumidor brasileiro mais difícil neste ano, mas com a redução nos impostos sobre combustíveis e a recente diminuição do preço da gasolina, o que passa a ser mais vantajoso: abastecer o carro com gasolina ou etanol?
Depois do corte de impostos sobre a gasolina em junho, com a sanção da Lei Complementar 194 que limita a cobrança do ICMS sobre combustíveis, o Congresso aprovou na semana passada a PEC dos Benefícios, que reduz os tributos sobre o etanol, reestabelecendo a vantagem tributária para os biocombustíveis.
Nesta semana, o Distrito Federal e mais 16 Estados, entre eles São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, reduziram as alíquotas de ICMS cobrado sobre o etanol, o que, nas contas do Ministério de Minas e Energia, deve diminuir o preço do combustível em R$ 0,19 por litro, em média.
A vantagem do etanol, contudo, pode durar pouco. A Petrobras anunciou, no dia 19 de julho, a primeira redução no valor da gasolina desde dezembro de 2021. Segundo a estatal, a queda é de R$ 0,20 por litro, ou cerca de 4,93%.
Com isso, o preço médio de venda do combustível para distribuidora deve cair de R$ 4,06 para R$ 3,86. Mas isso não quer dizer que o consumidor vai ver essa mesma queda na bomba.
Pouco mais de um quarto do litro de gasolina vendido nos postos é composto por etanol – ou seja, o preço ao consumidor leva em consideração essa mistura, além de despesas de distribuição e revenda.
Ainda vale destacar que a gasolina permite rodar mais quilômetros com o veículo do que o etanol. Em média, um litro de gasolina rende até 14 quilômetros (km), contra uma média de 9 km do etanol. Por isso, antes de encher o tanque, é preciso fazer conta!
A conta para saber qual combustível está mais vantajoso é simples. Basta multiplicar o preço da gasolina por 0,7. Caso o valor final seja menor que o do litro do etanol, a gasolina é mais vantajosa. Por outro lado, se o resultado for maior, o etanol compensa mais.
A professora de Análise de Cenários Econômicos do Ibmec, Fernanda Mansano, calcula que o corte do preço da gasolina pela Petrobras deve reduzir o preço do combustível na bomba em cerca de 2%. Considerando o preço médio da gasolina na cidade de São Paulo, de R$ 6,00, isso significaria uma diminuição para R$ 5,81.
O litro do etanol, que custa em média R$ 4,39 nos postos paulistanos, poderia passar a custar R$ 4,22 após a redução do ICMS. Neste caso, seria mais vantajoso abastecer com gasolina.
“Para compensar, o preço do etanol teria que estar abaixo de R$ 4,07”, diz Mansano, considerando o cálculo do preço da gasolina multiplicado por 0,7 mencionado acima.
Alta do petróleo leva a uma disparada dos preços dos combustíveis
A alta do preço do petróleo no mercado internacional com a guerra na Ucrânia fez disparar os preços dos combustíveis no Brasil.
De dezembro a junho, a alta do preço da gasolina cobrado pela Petrobras para as distribuidoras subiu 31,4%, o que obrigou os governos a reduzirem a cobrança de impostos para aliviar o impacto no bolso do consumidor brasileiro e na inflação.
A redução do ICMS sobre os combustíveis, no entanto, varia de estado para estado. Além disso, há uma diferença entre os preços cobrados em cada posto de gasolina.
Por isso, é importante pesquisar e fazer conta para saber o que é mais vantajoso.
Vantagem do etanol era maior que gasolina em apenas dois estados
Segundo o último levantamento semanal da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), entre 10 e 16 de julho, o preço do etanol era mais vantajoso que o da gasolina em apenas dois Estados: São Paulo e Mato Grosso.
Para verificar qual combustível é mais vantajoso basta olhar a relação do etanol pela gasolina. Se a relação for menor que 70%, o etanol é mais vantajoso. Veja a tabela abaixo.
No caso do estado de São Paulo, o preço médio da gasolina comum estava em R$ 5,89. A variação entre o preço mínimo e máximo é grande, e chegava a R$ 2,23 , com o preço do litro chegando a custar R$ 7,49. Por isso, é importante pesquisar para ver qual posto oferece o melhor custo.
Já o preço médio do etanol hidratado nos postos paulistas estava em R$ 4,12 e variava de R$ 3,64 a R$ 5,49.
Para saber qual é mais vantajoso, basta seguir o exemplo acima e multiplicar o preço médio da gasolina, que nesse caso é R$ 5,89, por 0,7, o que dá R$ 4,13 – valor 1 centavo maior que o do álcool.
No caso do Mato Grosso, o preço médio da gasolina comum era de R$ 6,05, e variava de R$ 5,47 a R$ 6,84. No caso do etanol, o preço médio era de R$ 3,91 e variava de R$ 3,55 a R$ 4,98.
Multiplicando o preço médio da gasolina no Estado, de R$ 6,05 por 0,7, o resultado é R$ 4,24 – maior que o preço do álcool, de R$ 3,91.
O Amapá tinha o menor preço médio da gasolina, que somava R$ 5,28, enquanto o Piauí tinha o maior custo por litro, de R$ 6,89.
Já no caso do etanol, o Mato Grosso praticava o menor preço por litro, de R$ 3,91, enquanto o Amapá tinha o maior custo, de R$ 6,01.
Preço da gasolina pode continuar caindo?
Após os cortes de impostos, o preço da gasolina vai depender da cotação do petróleo no mercado internacional e do câmbio.
Apesar da estabilidade do preço do petróleo lá fora ao redor de US$ 100, uma nova alta do dólar frente ao real em meio ao período de eleição pode anular o benefício da queda da commodity lá fora, diz Mansano.