O Ibovespa fechou esta sexta-feira (25) em leve queda de 0,21%, aos 133.524 pontos, refletindo o clima de incerteza sobre as tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump contra o Brasil. Com a ameaça de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o governo Lula corre contra o tempo para evitar prejuízos econômicos e sociais, mas as negociações estão travadas.
Trump vem pressionando o Brasil em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe. A imposição das tarifas estaria vinculada à forma como Lula conduz esse processo. O presidente brasileiro classificou a ação como uma “chantagem inaceitável”. Nos bastidores, o governo dos EUA prepara uma nova declaração de emergência para justificar as tarifas, dado que o Brasil, diferentemente de outros países afetados, mantém déficit comercial com os EUA desde 2009. Segundo a Bloomberg, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) já discute essa medida com o Congresso.
Diante da iminente sobretaxa, o governo brasileiro estuda medidas de proteção econômica, como crédito emergencial para exportadoras, além de mecanismos de preservação de empregos semelhantes aos adotados na pandemia, como redução de jornada e salário com apoio estatal. A proposta inclui ainda ações de defesa comercial, como antidumping, especialmente para o setor de aço, fortemente exposto. O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, defende que há espaço para uma negociação bilateral que reduza tarifas e evite danos maiores à indústria.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o impacto das tarifas pode resultar na perda de até 100 mil empregos e retração de 0,2% no PIB. Empresas como WEG e Naturafrig já buscam alternativas de mercado. Por outro lado, a Amcham Brasil destaca que mais de um terço do comércio bilateral entre os países envolve filiais de multinacionais, com US$ 31 bilhões em transações em 2024, mostrando forte integração produtiva entre os setores industriais, especialmente em tecnologia, saúde e energia.
Enquanto Trump amplia sua ofensiva comercial com motivações políticas, o mercado observa os próximos movimentos. O governo americano também abriu uma investigação com base na Seção 301, que pode sustentar novas tarifas, embora esse processo leve meses. Até agora, o Brasil é o único país ameaçado com tarifa de 50% que apresenta déficit comercial com os EUA, o que levanta dúvidas sobre a legitimidade da medida.
Em paralelo, os preços do petróleo recuaram para as mínimas de três semanas: o Brent caiu 1,23%, a US$ 68,33, e o WTI recuou 1,48%, a US$ 65,05. Mesmo assim, as ações da Petrobras (PETR4) fecharam com leve alta de 0,13%, após a estatal pedir participação no processo do Cade sobre a possível venda da Braskem pela Novonor. Analistas acreditam que o movimento é mais estratégico do que um real interesse na compra.
Outro destaque do dia foi a mudança no comando da Yduqs (YDUQ3): o CEO Eduardo Parente deixará o cargo e será substituído por Rossano Marques, atual CFO. Alexandre Aquino assumirá como novo CFO. A notícia surpreendeu parte do mercado e levou as ações da empresa a caírem 4,69%, liderando as perdas do dia.
Para o fim de semana, a expectativa gira em torno da reunião entre Donald Trump e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, marcada para domingo (27) na Escócia. A conversa pode resultar em um acordo preliminar de tarifas entre EUA e União Europeia, com possibilidade de aplicação de 50% sobre aço e alumínio europeus e 15% sobre outros produtos.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Vibra (VBBR3): +3,39%
• Ultrapar (UGPA3): +2,54%
• Fleury (FLRY3): +2,33%
• Vamos (VAMO3): +2,30%
• Brava Energia (BRAV3): +2,20%
Baixas
• Yduqs (YDUQ3): -4,69%
• Natura (NATU3): -2,55%
• CSN Mineração (CMIN3): -2,27%
• CSN (CSNA3): -2,11%
• Lojas Renner (LREN3): -2,11%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia em alta:
• Dow Jones: +0,47%
• Nasdaq: +0,24%
• S&P 500: +0,40%
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