A decisão de comprar um imóvel para morar não é simples, mesmo para os afortunados que tem dinheiro para realizar a compra à vista.
Já para a maioria das pessoas, que não tem dinheiro para comprar um imóvel à vista, a dúvida está relacionada à questão do financiamento imobiliário, se vale mais a pena ficar endividado durante muitos anos, ou pagar aluguel e juntar dinheiro para comprar à vista. Muita gente diz que não é preciso pensar muito. Afinal, é muito melhor financiar o imóvel, pois estará investindo em um bem, ao invés de pagar aluguel e não ter nada no final. O que estas pessoas esquecem é que boa parte do dinheiro não será investido em um bem, mas, na verdade, será pago ao banco.
Para ajudar (ou então gerar mais dúvidas!) quem está decidindo se é melhor comprar ou alugar imóvel para morar, vamos discutir alguns aspectos que devem ser levados em conta.
1 – Disciplina financeira
Se você for um comprador compulsivo, daqueles que “dinheiro na mão é vendaval” e só consegue construir um patrimônio através do pagamento de carnês e boletos, comprar o imóvel através de um financiamento é a escolha a fazer. Não será preciso nem ler o restante do texto… Agora, se você for uma pessoa financeiramente disciplinada, que costuma poupar o dinheiro que sobra, vale a pena refletir um pouco sobre os próximos itens antes de tomar uma decisão.
2 – Liquidez
Ao comprar um imóvel, você estará imobilizando uma quantia significativa de dinheiro se a compra for feita à vista. Se for através de um financiamento, você terá assumido então uma dívida longa e pesada. O problema que queremos abordar aqui é no caso de se precisar de dinheiro para um emergência (ou mesmo para investir em uma oportunidade de negócio) sem ter disponível uma boa reserva financeira.
Para aquele que alugou e guardou dinheiro, ele sempre poderá recorrer rapidamente a este recurso poupado. Já para quem comprou o imóvel, a venda pode ser uma saída necessária, porém bastante custosa. Vale lembrar que a venda de imóvel não costuma ser concretizada rapidamente, além de correr-se o risco de vender por um preço abaixo do valor de mercado para que o dinheiro esteja disponível prontamente. E ainda há a corretagem de 6% (taxa costumeiramente praticada) a ser paga ao corretor de imóveis pela venda.
Outra vantagem para quem aluga o imóvel é que, em uma eventual situação de aperto financeiro, é mais fácil diminuir os custos de moradia (aluguel e condomínio). Basta rescindir o contrato de locação e mudar para um imóvel com aluguel e condomínio mais baratos.
3 – Segurança
Um dos principais argumentos favoráveis à compra do imóvel é a questão da segurança. As pessoas tendem a se sentir mais confortáveis sabendo que estão morando em um imóvel próprio: “Se eu perder o meu emprego, ao menos ainda tenho um lugar para morar.” Outra vantagem que costuma ser citada por quem compra o imóvel é que não há o risco de ser obrigado a mudar de endereço quando o locador quiser o imóvel de volta. Por outro lado, para quem aluga imóvel, se o índice de criminalidade em sua vizinhança aumentar, é muito mais fácil mudar de endereço e buscar um bairro mais tranquilo.
4 – Conforto
Uma das principais desvantagens do aluguel é que nem sempre se pode configurar o imóvel para que fique com o seu estilo. Eventuais reformas precisam ser acordadas com o proprietário e se você se cansar dos armários, não há muito o que fazer. Já para quem compra, a desvantagem é justamente o custo do conforto, principalmente se o imóvel for novo. Em muitos casos, os gastos com acabamento e mobília podem passar facilmente de 20% do valor do imóvel.
5 – Mobilidade
Para os que são jovens e/ou vislumbram morar em outra cidade ou mesmo em outro país, alugar um imóvel para morar normalmente é a melhor decisão. Isto porque, a pouca liquidez dos imóveis acaba dificultando a venda e ainda há os custos relacionados, como a comissão do corretor de imóveis, além do imposto de renda sobre eventual ganho patrimonial. Outra vantagem para quem aluga, principalmente nas cada vez mais congestionadas metrópoles do país, é a facilidade para mudar para um endereço mais próximo ao trabalho, o que possibilita uma melhor qualidade de vida.
6 – Planejamento de longo prazo
Se você for solteiro ou for um jovem casado e sem filhos quase certamente irá procurar um imóvel pequeno para morar e não um imóvel com quatro suítes. O seu gasto com condomínio e com o pagamento das parcelas de financiamento, por exemplo, seria grande demais. Porém, ao se planejar para ter uma família maior, é certo que também irá pensar em trocar seu imóvel por outro maior. Neste caso, teria sido melhor alugar um imóvel pequeno no início e juntar recursos para as necessidades de uma família maior no futuro.
7 – Aspecto financeiro
A maioria das pessoas acaba levando em conta somente o valor do imóvel, e acabam esquecendo das “despesas extras”.
Para começar, na compra de um imóvel, impostos e taxas podem perfazer cerca de 5% do valor de aquisição:
- – imposto sobre transmissão de bens imobiliários (ITBI) – é pago à prefeitura do município onde se localiza o imóvel e em média a alíquota é de 2,5% do valor do imóvel, podendo superar os 3%;
- – taxa de registro do imóvel – é paga ao Cartório de Registro Imobiliário;
- – taxa de escrituração imobiliária – é paga ao Cartório de Notas, que é o responsável por registrar a escritura de compra e venda.
Se o imóvel for novo, você ainda deve levar em conta a instalação de pisos e metais, além da compra de armários e peças de decoração. Como já comentamos, estes gastos podem facilmente ultrapassar 20% do valor do imóvel.
Caso a aquisição do imóvel seja feita por meio de financiamento, além de juros, você ainda irá pagar por dois seguros (geralmente inclusos nas parcelas), a saber:
- – morte e invalidez permanente – o qual protege o comprador e sua família em caso de morte e invalidez permanente do comprador. A indenização serve para amortizar ou quitar a dívida;
- – danos físicos do imóvel – o qual protege o imóvel contra incêndio e demais eventos de causa externa. A indenização serve para devolver o imóvel às condições em que se encontrava antes do sinistro.
Quanto às formas de financiamento imobiliário, você pode ter parcelas pré ou pós-fixadas e, dependendo do valor do imóvel, você pode usar o saldo da sua conta no FGTS como entrada do financiamento. Esta é uma das principais vantagens da compra sobre o aluguel para quem possui saldo no FGTS, uma vez que a rentabilidade dos valores aí depositados costuma perder da inflação. Caso tenha interesse em pesquisar as taxas de juros praticadas prazos e valor das parcelas, a maioria dos sites dos bancos oferece a possibilidade de simular as condições de um financiamento imobiliário.
Já ao alugar um imóvel, você deverá recebê-lo em condições de uso e ter um fiador que garanta o pagamento do aluguel. Caso não o tenha, você terá o custo adicional de contratar um seguro-fiança, cujo custo gira em torno de 6,5% a 11% do valor do aluguel e pode cobrir não só o aluguel como também o condomínio, IPTU e contas de água, luz e gás.
Concluindo…
A maioria das pessoas decide entre comprar ou alugar um imóvel sem refletir muito. Em geral, a decisão é pautada pela questão da segurança (“ter um lugar próprio para morar”) e apenas observando se as parcelas cabem no orçamento. O objetivo principal deste texto é o de alertar para outras questões que devem ser consideradas nesta decisão, ajustando -a de acordo com os objetivos de vida.
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