Por:

Suas milhas viraram pó? Inflação de pontos para passagens aéreas triplica em um ano

Por:

Suas milhas viraram pó? Inflação de pontos para passagens aéreas triplica em um ano

Foto: Shutterstock

Por:

Por:

A volta à vida normal tem elevado a demanda por viagens e, consequentemente, o uso de milhas e pontos dos programas de fidelidade na compra de passagens. Mas se a inflação chegou nas passagens aéreas, chegou mais ainda no uso de milhas, o que significa que o consumidor precisa acumular muito mais desses pontos de fidelidade para comprar um mesmo trecho.

Levantamento feito pela Oktoplus, plataforma que faz o gerenciamento de pontos de programas de milhagem, ajuda a entender o tamanho do problema: se os preços de passagens mais que dobraram em um ano em alguns trechos, o custo em milhas mais que triplicou.

Entre 1º de janeiro e 12 de abril do ano passado, a passagem entre São Paulo e Rio de Janeiro custava, na média, R$ 443, valor que subiu para R$ 1.003 no mesmo período de 2022. Um aumento de 126%, impulsionado pela alta do querosene de aviação, que segue a cotação internacional do petróleo e que responde por quase metade dos custos das aéreas, e menor oferta de voos.

Mas a disparada no custo de comprar bilhetes com milhas foi muito maior. No programa da Gol, o Smiles, o mesmo trecho era adquirido por 16.632 pontos no ano passado, quantidade que saltou para 57.876 pontos neste ano, um salto de 248%. O levantamento leva em conta uma antecedência de compra de 18 dias.

Bruno Nissental, sócio da Oktoplus, explica que essa disparidade pode ser explicada em parte pelo funcionamento das bonificações de pontos de cartão de crédito no momento da transferência para os programas de milhagem. Como em geral é a companhia que arca com essas promoções, como contrapartida ela passa a exigir mais pontos para o mesmo trecho.

“Ao arcar com essa bonificação, a companhia precisa compensar essa perda. O jeito de fazer isso é reduzindo o custo de emissão de passagens com milhas, que é o mesmo que dizer que eles aumentam a quantidade de milhas necessárias para emitir a passagem”, aponta Nissental.

As três grandes companhias aéreas do país, Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e Latam (LATM33), têm programas de milhagem internalizados. Nesse modelo, o objetivo é dar a melhor rentabilidade possível à empresa e, nesse caso, o preço em milhas vai acompanhar a oscilação do valor das passagens.

“Atualmente, os programas de fidelidade são gerenciados pelas próprias companhias. Dessa forma, a oscilação de preços em dinheiro é repassada automaticamente para o preços em milhas”, diz.

E o aumento de preços tem sido constantes. Dados da Decolar, plataforma de venda de produtos de viagem, mostram que as passagens aéreas subiram em março entre 16% e 26% na comparação com fevereiro. O levantamento levou em conta voos partindo de São Paulo com destino a Aracaju (SE), Brasília (DF), Natal (RN), Porto Seguro (BA) e Rio de Janeiro (RJ).

Foco nas promoções

Para quem tem se assustado com os preços mas precisa viajar, o que fazer?

Rafael Palácio, gerente de negócios da MaxMilhas (empresa que faz transações com milhas para a aquisição de passagens ou pacotes de viagens), recomenda que o consumidor compare o preço da passagem com e sem milhas e também sempre faça uso dos programas parceiros, que podem gerar bonificação extra.

“Uma compra no cartão ou em uma varejista parceira do programa pode gerar 3.000 pontos. Ao converter esses pontos para milhas, em uma promoção do programa de fidelidade da companhia aérea, com 100% de bônus, o rendimento é de 6.000 milhas”, cita como exemplo.

Essas promoções variam a todo momento. A Livelo, por exemplo, está com uma promoção vigente em que os pontos transferidos para o Latam Passa geram uma bonificação de 30%. Para Gol e Azul, não há esse benefício, mas há menos de duas semanas havia uma campanha em que os pontos Livelo tinham bonificação de 100% no momento da transferência.

Vale só fazer a transferência dos pontos do cartão para o programa de milhagem no momento dessas promoções ou quando realmente for comprar a passagem.

E caso o número de pontos não seja suficiente para comprar uma passagem, o consumidor deve usá-los para adquirir algum outro produto ou serviço. Deixar vencer é o mesmo que jogar dinheiro fora, afinal, há uma verdadeira indústria no segmento de fidelidade.

A ABEMF (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização) estima que o faturamento das empresas de fidelidade foi de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre de 2021, patamar já similar ao registrado no pré-pandemia.

A origem desses valores se dá nas transações mais cotidianas. Enquanto a compra de passagens responde por apenas 3,6% das milhas e ou pontos gerados, as compras de produtos e serviços no varejo representam 96,4%.

Para Paulo Curro, diretor executivo da associação, a tendência é que o consumidor cada vez mais faça a adesão (e o uso) desses programas de acúmulo de pontos e milhas, em especial em um contexto macroeconômico mais desfavorável.

“Está muito mais claro para os consumidores brasileiros que os programas de fidelidade geram uma economia real no dia a dia. O que ainda é importante entender é que todos os gastos podem e devem trazer benefícios a eles”, diz.

Passagens respondem por 70% do uso de pontos

Mesmo com a maior quantidade de milhas para um mesmo trecho, a companha de passagem aérea concentra a utilização dos pontos dos programas de fidelidade, que respondem pelo uso de 70% dos pontos resgatados – no auge da pandemia, chegou a ser zero.

“Durante a pandemia, devido às restrições de circulação impostas, chegamos a registrar 100% dos pontos sendo utilizados para aquisição de produtos e serviços no varejo”, diz Curro.

O pior momento do resgate de passagens se deu no segundo trimestre de 2020 e a recuperação vem se dando gradualmente. No terceiro trimestre de 2021, último dado consolidado disponível, o uso de pontos para a compra de passagens chegou a 70,7% dos resgates, ante 55,9% no trimestre anterior.

A ABEMF não tem dados sobre o preço das passagens em milhas, uma vez que esse custo varia de acordo com a data do voo e as ofertas dos programas de fidelidade e dos cartões de crédito no momento da transferência dos pontos.

No entanto, a associação mostra um crescimento no resgate de milhas superior ao número de transações. No terceiro trimestre, foram resgatados 80,3 bilhões de pontos/ milhas, número 93,8% maior na comparação com o mesmo período de 2020. Em relação a 2019, período em que não há o impacto da pandemia, o crescimento é de 22,6%.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Baixe o App Minhas Economias

App Minhas Economias
QRcode Loja de Aplicativos Minhas Economias

Siga o Minhas Economias:

Categorias: