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Os piores investimentos de 2022 – e como evitá-los em 2023

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Os piores investimentos de 2022 – e como evitá-los em 2023

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O ano acabou e é hora de fazer o balanço para ver o que deu certo ou errado na escolha dos investimentos da carteira. E é claro que a intenção do investidor é escolher recorrentemente uma aplicação para ganhar dinheiro, mas nem sempre a aposta é certeira e erros de avaliação fazem com que o resultado possa ficar (bem) aquém do esperado. O ano de 2022 teve escolhas equivocadas para todos os lados: criptoativos, renda fixa, renda variável e ativos internacionais.

Essas perdas, de forma direta ou indireta, estão ligadas ao ciclo de aperto monetário que ocorreu no Brasil e ainda está em curso nas principais economias.

“Foi um ano difícil de forma geral. A Bolsa americana teve a maior queda em muitos anos. No Brasil, os juros mais altos e persistentes também penalizaram empresas que não estavam entregando boa lucratividade”, avalia Luan Alves, analista-chefe da VG Research.

Confira o que mais corroeu a carteira do investidor em 2022 e o que é possível fazer para não repetir esses erros ao longo de 2023.

Criptoativos em baixa

Quem tem Bitcoin viu o patrimônio cair mais de 60% em reais no ano. Caminho semelhante tiveram outros ativos digitais.

“Entre os ativos que acompanhamos, o mundo de criptoativos foi algo que definitivamente deu muito errado em 2022. Esse é um tipo de ativo que atingiu grande alcance em 2021 após uma valorização explosiva. Mas a verdade é que muita gente entrou com a festa acabando”, diz Alves, da VG.

E por que a festa acabou (ao menos por enquanto)? Os criptoativos não estão imunes ao que acontece ao resto do mundo.

O aumento de juros nas principais economias e o temor de uma recessão levaram a uma aversão maior a ativos de risco. Somam-se a isso problemas na FTX, uma das maiores corretoras desse mercado, que também afetou a credibilidade dessa indústria.

Bolsas internacionais x alta dos juros

A vida também ficou difícil para quem tem parte de seu portfólio em ações americanas. O índice Nasdaq, tido como um termômetro de desempenho de empresas de tecnologia, acumulou queda de 33% em 2022 e o S&P 500, referência de desempenho das principais empresas do mercado de ações americano, recuou cerca de19% no mesmo período.

A inflação e um ciclo de aperto monetário, vulgo, mais juros, promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) justificam essa derrocada.

“Os fundos de ações internacionais estão caindo muito. Só o S&P tem uma queda de 20% no ano. Os ativos de risco de forma geral cederam muito refletindo o aumento dos juros”, diz Fernando Araújo, gestor da FCL Capital.

BDRs: o peso das techs

Na esteira das bolsas americanas, os BDRs(recibos de ações negociados na B3) também tiveram um ano de perdas expressivas.

O BDRX, que é o índice que concentra os recibos mais negociados na B3, acumulou uma queda de 28%, a primeira desde 2016, puxada, principalmente, pelas empresas de tecnologia, como Apple e Alphabet, controladora do Google, que acumulam desvalorizações de 33% e 42%, respectivamente. Esse é um setor mais sensível a cenários de alta de juros (sim, esse foi o tema de 2022).

As empresas de tecnologia têm, em geral, maior necessidade de investimento e trabalham mais alavancadas, ou seja, com maior nível de dívida em relação à geração de caixa. Com juros mais altos, essas companhias tendem a entregar resultados piores.

Ações no Brasil

Na comparação com os pares internacionais, a Bolsa brasileira até que não fez feio em 2022, com o Ibovespa subindo4,7% no ano. Esse desempenho, contudo, não foi o mesmo para todas as ações.

“Temos muitos setores com rentabilidade negativa no ano, como varejo, as aéreas e o setor imobiliário. São empresas que performam pior com juros altos. No caso da construção civil, o juro alto pressiona margem. No varejo, inibe vendas”, explica Thiago Celestine, economista e sócio da Dom Investimentos, escritório de assessoria de investimento.

As ações do Magazine Luiza, por exemplo, acumularam queda de praticamente60% em 2022. O efeito no Ibovespa dessa baixa, e de outros papéis em situação similar, foi limitado pela trajetória de ações com ganhos no ano e que possuem peso relevante na composição do índice, como é o caso da Vale, que acumulou alta de 14%.

Títulos com retornos Prefixados

Os juros mais altos favorecem os investimentos em renda fixa, mas isso não quer dizer que todos os papéis dessa classe de ativos passaram ilesos por 2022.

A taxa Selic começou a subir em março de 2021, quando estava em 2% ao ano, e chegou a 13,75% em agosto de 2022, devendo ficar nesse patamar até meados de 2023.

Isso não quer dizer, no entanto, que quem tinha aplicação de renda fixa na carteira não sofreu perdas.

“Os prefixados muito longos foram penalizados quando a curva de juros começou a abrir, ou seja, indicar a alta”, explica Celestine, da Dom.

Quem tinha papéis longos na carteira, como o Tesouro Prefixado com juros semestrais e vencimento em 2033, viu o preço desses títulos caírem ao longo de 2022, com a intensificação do aperto monetário.

Para se ter uma ideia, em fevereiro, a taxa de compra do papel era de 11,66%, chegou a 13,70% em julho e está terminando o ano um pouco mais baixa, mas ainda no patamar de 13% ao ano. Vale lembrar que, quando as taxas aumentam, os preços dos papéis caem.

Como evitar os erros de 2022 em 2023?

Ter investido em algum desses mercados ao longo de 2022 não significa ter cometido algum erro, mas é preciso estar atento às mudanças do cenário para compreender seas suas aplicações seguem com fundamentos para o longo prazo ou se sofreram algum tipo de ruptura.

O aperto monetário (a alta dos juros) justifica boa parte do desempenho dos investimentos que decepcionaram em 2022. E embora o investidor não tenha poder de influenciar nas decisões de bancos centrais, saber como as mudanças podem afetar os ativos em sua carteira pode minimizar o risco de vê-los na lista de piores investimentos do ano.

Na hora de comprar uma ação ou qualquer outro ativo, é importante levar em conta não só os fundamentos da empresa, mas também o efeito do cenário macroeconômico. E se esse cenário muda, a tese de investimento pode ser revista.

O investidor também deve tomar cuidado com ativos que subiram muito no horizonte recente, apostando que o ganho será certeiro no futuro. Foi esse erro de avaliação que levou muita gente a perder dinheiro com criptoativos em 2022, por exemplo.

“É preciso suspeitar de um ativo que está com muita ‘espuma’, ou seja, subindo muito rápido em um determinado período”, aconselha Araújo, da FCL Capital.

E a diversificação da carteira também ajuda o investidor a blindar o seu patrimônio. Mesmo que um ativo tenha um desempenho muito ruim, a carteira estará parcialmente protegida se o investidor tiver feito uma diversificação entre ativos e classes dentro do seu perfil de risco e objetivo.

Estar atento ao perfil de risco é importante para não acrescentar na carteira ativos que possam deixar o investidor mais exposto ao risco, como uma fatia grande do patrimônio em BDRs, cujos preços são influenciados também pela variação cambial.

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