Muitas pessoas só começam efetivamente a fazer um orçamento doméstico ou controle de gastos quando a situação já está ruim. Ou seja, quando estão endividadas e percebem que a bola de neve da inadimplência só está aumentando, aí sim é que finalmente decidem “fazer algo a respeito”. Muito bem! Antes tarde do que nunca! Mas a situação poderia estar melhor (e a dor de cabeça menor) se o controle já estivesse sendo feito.
Para estas pessoas, o objetivo imediato é sair desta situação de endividamento. Nada mais natural, já que as dívidas são, nesta situação, o principal inimigo a ser combatido. E quando, depois de muito trabalho, controle dos impulsos consumistas e cortes de despesas, finalmente elas conseguem equilibrar as contas, muitas delas param por aí. Isto é, ficam no “zero a zero”, entre despesas e receitas. Não ficam mais “no vermelho” ao final do mês, mas também não economizam nada, ou muito pouco. Bom, isto já é uma grande vitória considerando a situação anterior delas, mas ainda seria preciso ir um pouco mais adiante.
Viver no limite ainda é uma situação muito arriscada! Imprevistos podem acontecer a qualquer hora, levando novamente a uma situação de endividamento. Somos otimistas por natureza, sempre achamos que o pior não acontecerá conosco. E podemos sim, continuar a ser otimistas. É até mais interessante viver a vida assim, mas sempre fazendo um bom planejamento e tendo uma pitada de precaução.
Em uma situação hipotética, vamos supor que uma família esteja exatamente nesta situação de equilíbrio. E, de repente, algo pouco previsível aconteça: alguém da família acaba perdendo o emprego. Bom, conseguir obter um novo emprego não é uma tarefa fácil e rápida. Mesmo recebendo uma indenização, muitas vezes o valor desta cobre apenas um ou dois meses de gastos. E há que se lembrar que só se recebe o salário do novo emprego após o início do mesmo. Sem recursos poupados para imprevistos, fica muito difícil não se endividar novamente.
Ou, em outra situação inusitada, a geladeira quebra. Como pagar o conserto se não há recursos destinados a imprevistos ou sobras de recursos financeiros no orçamento familiar. Novamente, volta-se a ter uma dívida. Poderíamos continuar citando vários outros imprevistos aqui, mas o fato é que eles, como o próprio nome diz, são difíceis de prever. Não apenas o que vai acontecer, mas quando irão acontecer.
Para alguns destes imprevistos (como uma batida ou um roubo do carro, uma enfermidade, ou uma perna quebrada), muitas vezes lançamos mão dos seguros para nos dar uma proteção, o que é muito bom. Mas como não há seguro para tudo, é imprescindível termos uma economia guardada para isso, uma espécie de colchão de segurança para qualquer “queda” em nossas vidas.