Você já passou por aquela situação de estar em uma roda de amigos, jogando conversa afora, e aí alguém comenta: “Eu gostaria de comprar uma casa nova e deixar de pagar aluguel, mas o ruim é que vou acabar imobilizando boa parte do meu dinheiro”.
Se nessa parte você pede licença e diz que vai ao banheiro para não ter que discutir o assunto … bem, saiba que esta frase se refere a um tema muito importante da educação financeira, a imobilização de ativos. Vamos aqui dar uma explicação sobre o que é isso e como ela pode afetar suas finanças pessoais.
Em primeiro lugar é preciso compreender o que são ativos. Podemos defini-los como tudo aquilo que representa um patrimônio, ou seja, que possua algum valor monetário. O exemplo mais óbvio é o dinheiro que você tem em sua carteira e no seu banco, bem como os investimentos em poupança, fundos de investimento, títulos do tesouro nacional, ações etc. Mas também são ativos o seu carro, algum imóvel ou outro bem que você possua.
Se formos seguir as regras contábeis à risca, até a sua TV ou geladeira podem ser classificados como ativos. Porém, sabemos que após algum tempo de uso estes bens praticamente não terão valor de revenda algum. Por conta disto, estes bens não são normalmente considerados como ativos. A título de curiosidade, esta perda do valor que a sua TV ou geladeira sofre devido ao uso é chamada, contabilmente, de depreciação.
Uma das características mais importantes dos ativos é a sua liquidez. A liquidez é basicamente uma medida do quão rápido o seu ativo pode se tornar dinheiro vivo.
Por exemplo, o dinheiro que você tem na conta do banco tem uma liquidez muito alta, afinal é só ir lá e sacá-lo. Comparativamente, um investimento em um fundo de ações pode ter uma liquidez menor: geralmente estes fundos irão disponibilizar o dinheiro em sua conta somente no 4º dia útil após o seu pedido de resgate.
Já o seu carro é um ativo com liquidez ainda menor que os dois exemplos acima. Se você quiser vender o seu carro, terá que anunciá-lo e esperar que apareça um comprador que esteja interessado no seu modelo de carro, na cor, no ano, no estado dele, e disposto a pagar o preço que você pediu.
E, finalmente chegamos ao exemplo da casa ou apartamento próprio. Devido ao alto valor destes bens, é de se esperar que a sua eventual venda irá demorar mais que a do carro. Ou seja, o imóvel tende a ter uma liquidez bem menor que o seu carro.
É claro, se você pode pedir um valor muito abaixo do mercado, seja pelo carro ou pelo imóvel, provavelmente conseguirá vendê-los mais rapidamente. Mas assim você estará aceitando um valor menor pelo seu bem, ou seja, estará “pagando” para que este seu bem se torne mais “líquido”.
Enfim, voltando à questão do “imobilizar recursos”. Dizemos que estamos “imobilizando parte de nossos recursos” quando vamos adquirir um bem com baixa liquidez, como o caso de imóveis.
Não há nada de errado neste tipo de imobilização, mas você deve fazer uma análise de todo o seu patrimônio para verificar se está se concentrando muito em bens de baixa liquidez. Isto pode se tornar uma grande desvantagem se você necessitar de dinheiro em um curto espaço de tempo.
E isto pode ocorrer em situações de emergência ou mesmo em situações de ótimas oportunidades. Por exemplo, alguém pode precisar vender o carro pois precisa do dinheiro rapidamente, assim ele baixa bastante o preço para conseguir o pagamento à vista. De que lado da negociação você gostaria de estar?
Este tema traz outras reflexões que poderiam ser exploradas. Por exemplo, de modo geral os ativos muito líquidos tendem a apresentar menor expectativa de retorno e também menor risco. E certas características de imóveis (como localização geográfica e planta) ou mesmo carros (cor, modelo) conferem maior liquidez ao bem e, portanto, aumentam o seu valor. Tudo isso deve ser levado em conta na hora de planejar o seu investimento. Mas vamos explorar mais sobre isto em nossos próximos ”posts”. Até lá!