As dívidas não são mais uma bola de neve e a vida financeira está sob controle? Então esse pode ser um bom momento para tomar a decisão de começar a investir, embora nem sempre os primeiros passos estejam muito claros para os iniciantes.
Há sempre dúvidas sobre o que é melhor fazer primeiro, qual o valor ideal para aportar mensalmente e onde deixar o dinheiro aplicado.
A boa notícia é que poupar pode ser menos complicado do que parece e, quando se torna um hábito, garante a conquista de diferentes objetivos financeiros.
E nada como um começo de ano para aprender mais sobre investimentos e ver como eles podem viabilizar aquela viagem dos sonhos, uma aposentadoria ou a compra da casa própria.
Para dar aquele “empurrão”, confira sete dicas para virar de vez um investidor em 2023.
1) Orçamento sob controle
Não adianta querer saber qual a melhor ação para investir ou se é um bom momento para comprar criptoativosse você ainda não tem o controle sobre o que ganha e o quanto gasta.
Sabendo para onde vai a renda mensal, fica mais fácil traçar um plano de investimento.
“Se a pessoa não souber para onde está indo o dinheiro, vai ficar difícil saber o que dá para cortar ou quais gastos podem ser limitados”, diz Letícia Camargo, planejadora financeira com certificação CFP.
2) Trate o investimento como prioridade
Também é preciso estabelecer um valor mensal para investir. Deixar para poupar só o que “sobra” do salário costuma ser uma medida ineficaz, então o ideal é fazer a aplicação de um montante predefinido assim que a renda mensal estiver disponível em conta. Imagine que é uma prestação que você tenha com você mesmo e que precisa pagá-la todos os meses.
E para construir esse hábito de poupar, uma das ferramentas é utilizar as aplicações automáticas disponibilizadas por algumas instituições financeiras e plataformas de investimento, em que o valor estipulado é destinado diretamente à aplicação escolhida –e várias possuem opções de valores mínimos acessíveis, como R$ 100 ou R$ 200.
3) A escolha do primeiro investimento
O mundo dos investimentos é vasto, mas quem ainda está dando os primeiros passos precisa se concentrar em formar uma reserva de emergência, que é aquele dinheiro que irá ajudar a lidar com imprevistos.
Para a reserva de emergência, o que deve ser priorizado são as aplicações consideradas de menor risco e com liquidez, ou seja, em que o dinheiro pode ser acessado facilmente e sem risco -afinal, e se surgir um imprevisto?
Camargo recomenda que esse dinheiro da reserva fique aplicado em CDBs que paguem ao menos 100% do CDI, no Tesouro Selic ou em fundos DI com taxa zero de administração.
“Para a reserva de emergência, não adianta querer ganhar a maior rentabilidade. O importante a ter liquidez e segurança”, diz.
4) Quanto poupar para a reserva de emergência?
A reserva de emergência é importante para lidar com imprevistos, como a perda repentina do emprego. Dessa forma, a pessoa terá recursos suficientes para se bancar até a realocação.
Essa reserva financeira deve ser feita com base nos gastos médios mensais. Um valor que cubra entre seis e 12 meses dessas despesas é o mais recomendado.
Uma pessoa que é funcionária pública ou com poucas obrigações financeiras, como um jovem que mora com os pais, pode pensar em uma reserva mais próxima dos seis meses, segundo Camargo.
Já aqueles que possuem um financiamento ou pagam escola para os filhos precisam de uma reserva de emergência mais robusta, já que são gastos mais difíceis de serem cortados de uma hora para outra.
5) O que considerar para traçar objetivos para o curto, o médio e o longo prazo?
Feita a reserva de emergência, que não será construída de um mês para outro, o investidor pode começar a procurar aplicações mais condizentes com os seus objetivos financeiros.
Esses objetivos podem ser de curto prazo, médio e longo prazo.
A construção da reserva financeira deve ser o primeiro objetivo de curto prazo. Nele cabem também uma poupança para realizar desejos mais ligados ao consumo, como uma viagem ou o pagamento de um curso.
Para o médio prazo, considere aquelas metas para realizar em dois, três ou quatro anos, como comprar um carro.
Já o objetivo de longo prazo é aquele que vai concentrar as atenções e os cuidados pela próxima década, como uma previdência já pensando na aposentadoria.
6) Troca inteligente
Uma das dificuldades para criar o hábito de investir é precisar abrir mão do que se está acostumado a fazer para ter os recursos necessários para destinar para os aportes mensais.
Para não cair em tentação, é importante ter claros os objetivos e sempre pensar neles quando precisar renunciar a algo de consumo imediato. A dica é encarar como uma troca, e não como se estivesse “perdendo” um momento de diversão, por exemplo.
7) Tenha paciência
Assim como a reserva financeira não será construída da noite para o dia, o investidor não verá o montante investido crescer de forma significativa em apenas um ou dois anos.
Camargo afirma que a ansiedade e a pressa do investidor iniciante fazem com que muitas vezes ele tome decisões equivocadas, como buscar opções de maior risco (de olho em retornos mais gordos) mesmo antes de ter uma reserva de emergência.
“Tem investidor que fica ansioso em ver resultado e toma mais risco do que deveria. Investir é paciência”, assinala a planejadora.