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Lidar com o dinheiro sempre suscita certa insegurança, mas com conhecimento é possível tomar a decisão mais inteligente para encarar o universo financeiro, seja na hora de investir, economizar ou se planejar.
Euro mais barato que o dólar? Veja o que está em jogo e como se preparar para viajar
Após 20 anos, o euro chegou a ser negociado abaixo do dólar, o que significa dizer que a moeda da zona do euro perdeu força em relação à divisa dos Estados Unidos. Disputas geopolíticas e o cenário macroeconômico contribuíram para a chamada paridade das moedas, mas é importante saber como isso pode afetar a vida de quem quer viajar para o exterior.
Na última quarta-feira (13), o dólar chegou a valer 0,99 euro e, ao fim dos negócios, as duas moedas fecharam no mesmo patamar. Por trás desse ovimento, está uma desvalorização da ordem de 12% do euro no ano e de 18% em 12 meses.
São três os fatores que explicam esse movimento.
O primeiro é o diferencial entre as taxas de juros dos Estados Unidos e da zona do euro. O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) já deu início ao processo de aperto monetário, aumentando os juros para conter a inflação. Nos Estados Unidos, a taxa básica está entre 1,50% e 1,75% ao ano e nos países que adotam o euro, está zerada. Isso faz com que os investidores migrem parte dos recursos para o mercado americano, que oferece retornos maiores.
O segundo fator é a inflação. Embora seja um problema global, na Europa, ele é agravado pelo aumento dos preços de energia decorrente da guerra entre Ucrânia e Rússia.
E o terceiro aspecto diz respeito ao baixo crescimento da Europa, que também é agravado pela guerra. Com menos expansão e com a pressão nos preços, a moeda acaba perdendo força frente a outras divisas também consideradas fortes.
“Os Estados Unidos estão com um crescimento mais robusto e projeções melhores. Já na Europa, o conflito é recessivo e inflacionário para a região”, diz Wagner Varejão, especialista da assessoria financeira Valor Investimentos.
Para Varejão, não há perspectiva para que o euro volte a ganhar força em relação ao dólar e é possível que, no curto prazo, a moeda europeia volte a ser cotada abaixo de US$ 1,00.
Compra de euro no Brasil
No Brasil, essa paridade entre o dólar e o euro, no entanto, não é total. Mesmo que no mercado internacional US$ 1 seja equivalente a 1 euro, a cotação das duas moedas aqui não será exatamente equivalente.
O dólar Ptax fechou nesta quinta-feira a R$ 5,43 e o euro, a R$ 5,45. Nas casas de câmbio, o dólar turismo é negociado a partir de R$ 5,65 e o euro, a partir de R$ 5,70, segundo a Melhor Câmbio, plataforma que reúne a oferta de diferentes instituições.
Essa diferença ocorre porque não há uma conversão direta entre a moeda brasileira e o euro, uma vez que o dólar é a moeda predominante nas relações comerciais entre os países e também é a principal referência para as reservas internacionais do Brasil – mais de 80% dos recursos estão alocados em ativos em dólar. Na prática, é preciso converter do real para o dólar e do dólar para o euro, o que dificuldade que a paridade seja de 100%.
Isso significa que, para o Brasil, é mais relevante saber se o real se fortalece ou se enfraquece diante do dólar do que a oscilação do euro. Um real desvalorizado significa uma cotação mais alta do dólar, o que encarece o preço dos insumos e de produtos importados, mas ajuda empresas exportadoras. E um enfraquecimento do euro frente ao dólar não significa necessariamente que o real também esteja se desvalorizando.
Férias na Europa
Para quem pretende viajar para a Europa, essa perda do valor do euro faz com que a cotação aqui esteja um pouco mais barata, mesmo que não seja igual à do dólar. O euro iniciou o ano a R$ 6,30 e agora está em R$ 5,45, ou seja, uma queda de 13,5%.
Isso torna os gastos de uma viagem para a Europa um pouco mais acessíveis. Mas é importante frisar que nem toda a viagem ficará mais barata.
Na hora de planejar as férias, o consumidor precisa lembrar que reservas de hotéis pagas no cartão serão cobradas em dólar – e depois convertidas para reais na fatura.
As passagens aéreas também estão mais caras, mesmo que o destino seja a Europa. Isso porque os custos das companhias são atrelados à variação da cotação do dólar e do petróleo no mercado internacional. A inflação desse item está em 122,40% nos 12 meses encerrados em junho, segundo dados do IBGE.
Levando tudo isso em conta, é preciso decidir como serão comprados esses euros. Assim como ocorre com o dólar, o turista que vai para a Europa pode comprar a moeda em espécie ou no cartão pré-pago. A primeira opção tem um IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 1,1%. Já no cartão pré-pago, a alíquota é mais salgada, de 6,38% (igual à do cartão de crédito no exterior).
Nas casas de câmbio, o preço da divisa internacional no cartão pré-pago costuma ser inferior ao do papel moeda. No entanto, na conta final, sairá mais caro devido ao IOF.
Em uma casa de câmbio de São Paulo, o euro é vendido a R$ 5,673 no papel moeda e a R$ 5,685 no pré-pago nesta quinta-feira. O cartão sai mais em conta porque não há o custo de transporte e de segurança das cédulas. Após a aplicação do IOF, que é de respectivamente 1,1% e 6,38%, a diferença aumenta e o preço final sobe para R$ 5,74, em espécie, e R$ 6,05, no cartão pré-pago
Por fim, e mais recente, há as contas internacionais como as da Wise, em que é possível fazer a compra de euros diretamente em reais (sem ter a conversão prévia para dólares). Nesse caso, o cliente vai fazer uma remessa de sua conta em reais para a conta global e o IOF será de 1,1%. Esse cliente vai receber um cartão de débito para fazer as despesas no exterior. Nesta quinta, essa seria a alternativa mais vantajosa, com o euro cotado a R$ 5,59 na Wise.