Os resgates na tradicional caderneta de poupança continuam. Os resgates líquidos em 2015 até o dia 18 de maio já somam R$ 33,48 bilhões. Um dos motivos disto é a baixa rentabilidade da poupança na comparação com outros investimentos de baixo risco como as LCIs, LCAs e o Tesouro Direto, entre outros.
Este resgate líquido de R$ 33,48 bilhões na poupança, em menos de cinco meses do ano, já é o pior resultado da história. Antes disto, o pior período havia sido o ano de 2003 com resgate líquido de R$ 10,42 bilhões.
Visualizando as captações líquidas mensais no gráfico abaixo, é possível observar que os cinco meses de 2015 (sendo que maio só contempla os dados até o dia 18) correspondem aos cinco piores meses em relação à captação líquida (ou maiores resgates líquidos…) em toda o período do Plano Real. Em relação ao saldo em estoque, é possível observar uma clara guinada na curva, passando a ser descendente, após um longo período de crescimento.
Na verdade, a queda na captação líquida da poupança vem ocorrendo ao longo de vários meses. Na comparação dos 12 meses de maio de 2014 a abril de 2015 com os doze meses anteriores (maio de 2013 a abril de 2014) é possível observar claramente que esta queda já vinha ocorrendo em 2014 e se acentuou neste ano. Todos os meses do primeiro período apresentaram desempenho abaixo do mesmo mês do período anterior.
BAIXA RENTABILIDADE DA POUPANÇA É UM DOS PRINCIPAIS MOTIVOS DOS RESGATES RECORDES
No período em que a taxa Selic atingiu o seu menor patamar em meados de 2012 (e, consequentemente, também o CDI), a diferença de rentabilidade mensal entre o CDI já descontado do imposto de renda à alíquota de 15% e a poupança chegou a 0% em fevereiro de 2013, e permaneceu por vários meses com diferença de menos de 0,1%. No entanto, com as sucessivas altas da taxa Selic nos últimos dois anos, esta diferença de rentabilidade mensal já chega a passar de 0,2%.
Observando períodos de 12 meses consecutivos, sempre a partir de maio do ano anterior a abril, o período de mai/12 a abr/13 chegou a ter uma diferença de apenas 0,05% entre a rentabilidade de 12 meses do CDI, já descontado do IR, e a poupança. No entanto, nos períodos seguintes, esta diferença de rentabilidade vem crescendo. No período mais recente, de mai/14 a abr/15, a diferença chegou a 2,49%.
Observando também períodos de 12 meses consecutivos, e sempre a partir de maio do ano anterior a abril, mas agora comparando a rentabilidade da poupança com o IPCA, os últimos 3 períodos foram muito ruins para quem investiu na poupança. No período de mai/12 a abr/13, a diferença da poupança em relação ao IPCA foi de -0,25%, ou seja, a poupança teve rentabilidade real negativa. Já no período seguinte, mai/13 a abr/14, esta diferença foi ligeiramente positiva: 0,35%. O pior ficou mesmo para o período mais recente, mai/14 a abr/15, em que a diferença atingiu -0,98%, valor mais baixo desde o período mai/02 a abr/03.
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