O Tesouro Direto está atraindo cada vez mais investidores. Já são mais de 470 mil pessoas com dinheiro investido em títulos públicos. Para aqueles que podem vir a precisar do dinheiro a qualquer momento e não querem correr muitos riscos, o Tesouro Selic acaba sendo o título público mais indicado, mas será que um fundo DI pode vir a ser melhor opção?
Em diversos de nossos textos, costumamos comentar o quanto a alta taxa de administração cobrada pelos fundos geridos pelos grandes bancos acaba comprometendo a rentabilidade. No entanto, há fundos DI, oferecidos pelas corretoras independentes, que podem ser opções mais práticas e mais rentáveis do que o Tesouro Selic. Aqui, mostraremos um fundo DI gerido pelo BTG Pactual e outro pelo Brasil Plural. Ambos aceitam aplicação inicial a partir de R$ 3 mil e cobram taxa de administração de apenas 0,3% ao ano. Entre os fundos oferecidos pelos grandes bancos de varejo, há apenas um, da Caixa, que se destaca cobrando 0,7% de taxa de administração e acetando aplicação inicial mínima de R$ 2.500.
No gráfico abaixo, mostramos a rentabilidade acumulada bruta (sem desconto de IR), a partir de investimento inicial de R$ 1.000, dos 3 fundos no período de janeiro de 2012 a maio de 2017. Mostramos também, para comparação, as rentabilidades acumuladas de um investimento em Tesouro Selic com vencimento em março de 2017 e reinvestimento no Tesouro Selic com vencimento em março de 2021. Aproveitamos para mostrar também o efeito que ocorre ao se optar por investir no Tesouro Direto através do próprio banco, o qual costuma cobrar taxa de administração (que costuma variar de 0% a 0,5% ao ano). Em uma série, temos a rentabilidade do Tesouro Selic sem a cobrança de taxa de administração ou taxa da corretora (muitas corretoras independentes não cobram esta taxa) e, em outra, temos a rentabilidade considerando a cobrança de uma taxa de 0,4% ao ano (taxa cobrada pela Caixa, por exemplo). Em ambas, consideramos o custo da taxa de custódia de 0,3% ao ano cobrada pela BM&F.
![Fundos DI x Tesouro Selic - rentabilidade acumulada](https://minhaseconomias.com.br/wp-content/uploads/2017/06/Img01-2017-06-21-17.12.jpg)
Os saldos exibidos no alto à direita do gráfico ilustram a diferença entre estas alternativas. Investir nos dois fundos independentes gerou uma rentabilidade melhor. Já o fundo da Caixa, com taxa de administração mais alta do que os dois outros fundos DI, foi menos rentável do que o investimento no Tesouro Direto, desde que fosse aplicado em uma corretora independente. Se fosse aplicado no Tesouro Direto pela plataforma da própria Caixa, o fundo teria sido melhor opção.
No gráfico seguinte, exibimos as rentabilidade anuais entre 2012 e 2015 para estas 5 alternativas. Pode-se observar que em todos os anos, os fundos do BTG e do Brasil Plural foram mais rentáveis. Já o cliente da Caixa, que, por algum motivo, não quer investir fora do banco, foi melhor negócio investir no fundo Caixa FIC Pleno DI do que no Tesouro Selic 2017.
![Fundos DI x Tesouro Selic - rentabilidade anual](https://minhaseconomias.com.br/wp-content/uploads/2017/06/Img01-2017-06-20-18.42.jpg)
Há no entanto, algumas considerações a serem feitas:
– Risco de crédito – Nos fundos, boa parte dos ativos são títulos públicos federais (entre eles, o próprio Tesouro Selic) e outros papéis com baixo risco de crédito. No entanto, baixo risco de crédito está longe de significar risco zero. Assim, se algum emissor vier a se tornar inadimplente, o fundo pode vir a ter prejuízo. Alguns fundos DI conseguem ter rentabilidade acima do CDI justamente porque oferecem risco de crédito;
– Imposto de renda – no caso dos fundos, o come-cotas, que é o recolhimento semestral do imposto de renda, acaba prejudicando um pouco o desempenho do mesmo, especialmente se o investimento for de longo prazo. Por outro lado, quando o título do Tesouro vence ou quando há pagamento de cupom de juros, o investidor paga imposto de renda. E no vencimento, o investidor precisa reaplicar os recursos em outro papel.
– Valor investido – Nos fundos, pode-se aplicar qualquer valor, desde que respeitado o mínimo inicial. Já no Tesouro Direto, o investidor deve sempre adquirir frações de 0,01 título. Se o preço unitário (PU) do título for de R$ 6.000, o investimento deve ser feito sempre em múltiplos de R$ 60 (1% de R$ 6.000);
– Taxas – Nos fundos DI, a taxa de administração é um dos principais fatores que influenciam no desempenho. Fundos com taxa igual ou acima de 1% certamente rendem menos do que o Tesouro Selic. Por outro lado, a taxa da corretora, para quem aplica no Tesouro Direto, compromete bastante a rentabilidade final do investimento, principalmente para quem pretende investir por um longo prazo.
– Prazo de investimento – Para quem pretende deixar o dinheiro aplicado por pouco tempo (alguns poucos meses), o fundo DI (desde que com baixa taxa de administração) costuma ser melhor negócio. No Tesouro Direto, há uma diferença (“spread”) significativa entre os preços de compra e de venda, principalmente para títulos com vencimento mais longo. Em maio, por exemplo, o preço de compra do Tesouro Selic 2021 era 0,15% maior do que o seu preço de venda. Em um investimento de prazo mais longo, esta diferença acaba se diluindo.