A dificuldade em organizar as finanças está presente no nosso dia a dia, e se planejar nessa área demanda tempo e organização. Sem isso, cometer erros financeiros acaba se tornando algo comum.
Para evitar repetir falhas cometidas em 2022 no ano que vem, veja dicas de especialistas para pular a fogueira nessa área e saber cuidar melhor do dinheiro.
1 – Desorganização financeira é passado!
A primeira orientação é exatamente a organização das finanças. Não deixe sua vida financeira ficar bagunçada. No mínimo, você tem que saber exatamente quanto ganha e quanto gasta, destaca Thiago Ramos, gerente da Serasa.
O orçamento tem que ser bem-feito, com “entrada e saída” de recursos, afirma também Eduardo Dellavolpi, planejador financeiro CFP e consultor CVM.
Segundo pesquisa da Serasa realizada em março de 2022, 63% dos entrevistados revelaram já ter tido algum impacto psicológico relacionado à saúde financeira. Entre os efeitos, foram citadas a dificuldade para dormir, tristeza, ansiedade e vergonha de falar sobre endividamento e inadimplência.
2 – Não faça dívidas por outros
Nunca “empreste” seu nome para que parentes, amigos ou outros façam dívidas. Se eles deixarem de pagar as parcelas do financiamento, você é quem será responsabilizado.
Na prática, isso quer dizer que é o seu nome que entra em cadastros de inadimplência, o que piora as chances de conseguir empréstimos ou um limite maior no cartão de crédito, por exemplo.
O problema também dificulta a negociação por condições melhores em dívidas que você já tenha, aponta Ramos.
Esse tipo de situação ocorre bastante com militares, aposentados e funcionários públicos, que têm direito, por exemplo, ao crédito consignado.
A modalidade tem juros mais baixos e liberação menos burocrática, porque o débito do empréstimo é feito em folha de pagamento, ou seja, antes de o salário ser depositado na conta do aposentado ou empregado.
3 – Compra por impulso, jamais!
A lição é ouvida constantemente, mas nem sempre aprendida. A compra por impulso pressupõe que não houve pesquisa de preço para a aquisição de um determinado item, nem um cálculo inicial para verificar se o valor cabia no orçamento.
Na linha do “eu mereço”, a compra acaba acontecendo, afirma o gerente do Serasa. Mas antes disso, o que o consumidor deveria se perguntar é: “eu preciso realmente desse produto?”.
Ramos chama especial atenção às idas a shoppings e a procura de preços baixos em datas promocionais, como a Black Friday.
Dellavolpi destaca que as compras passaram a ser vistas como ato de lazer, o que deve ser evitado. Navegar o tempo todo em aplicativos de varejo também não pode ser visto como uma atitude positiva para a saúde financeira.
4 – A viagem dos sonhos tem que ser programada!
Pensar na viagem dos sonhos ou naquelas tão imaginadas férias é crucial para as contas não embolarem já na ida. Imagine como pode ser a volta nesse caso?
Pesquise o preço das passagens aéreas em diversas companhias, agências de viagem e aplicativos do segmento. O mesmo deve ser feito com hospedagem, seja hotel, pousada ou apartamentos e casas reservados por meio da internet.
Dilua os gastos previamente identificados ao longo dos meses que faltam para a viagem, orienta Ramos.
O mesmo deve ser feito quando o objetivo é a compra de um carro ou de qualquer outro bem de maior custo, com planejamento do montante a ser gasto até a data final.
Ter uma meta que exija quantidade relevante de recursos pode ajudar a se evitar alguns dos erros financeiros, como a compra por impulso ou a falta de organização das finanças. “Naturalmente, você vai priorizando a meta”, destaca o gerente do Serasa.
5 – Atenção às fraudes financeiras (de todos os tipos)
As fraudes financeiras que prejudicam a população brasileira são inúmeras.
Algumas são voltadas especificamente para os endividados. Em uma delas, por exemplo, um boleto é enviado com a informação de que, se pago, o nome da pessoa é retirado da lista “suja” do Serasa.
Outro tipo apela para o chamado “score”. Os golpistas prometem melhorar a nota de crédito do consumidor –ou seja, aumentar as chances de ele conseguir empréstimos mais baratos –em troca do pagamento de um boleto.
É importante também sempre conferir o nome do destinatário do valor a ser pago por meio de boletos, alerta o gerente do Serasa.
“Desconfie de preços baixos demais, disponíveis na internet. Evite acessar aplicativos e fazer pagamentos em redes públicas,” complementa Ramos.
A atenção ao que chega por email, whatsapp e mensagem no celular deve ser redobrada. Nunca acesse links que chegam por esses meios. Além disso, não forneça dados pessoais aleatoriamente.
E não dá para esquecer também dos golpes que ocorrem no mundo físico, com a retirada do cartão de crédito para “investigação” de “suposta” fraude.
6 – Tenha apenas um cartão e, se possível, escolha um sem anuidade
Diminua o risco de se embolar em dívidas comprando com diferentes cartões de crédito ao mesmo tempo. A dica do gerente da Serasa é ter apenas um cartão, de preferência sem anuidade, para que o custo de manutenção dessa ferramenta de pagamento seja o menor possível.
O erro mais cometido nesse caso é o consumidor se perder nas despesas e perceber que não vai conseguir pagar o valor total da fatura dos cartões.
Se apenas uma parte da conta for paga, a dívida restante cresce muito rapidamente, porque os juros dos cartões de crédito são muito altos.
Uma dívida de R$ 1.000, por exemplo, pode aumentar R$ 135 de um mês para o outro, considerando a taxa média de juros cobrada nos cartões de crédito, segundo dados do Banco Central.
Não pagar juros no chamado rotativo do cartão é um erro grave a ser combatido, segundo o consultor Dellavolpi.
Outro risco é deixar de pagar uma fatura para quitar outra. “Provavelmente, no mês seguinte, a pessoa não vai conseguir pagar essa fatura [que ficou em aberto]”, alerta Ramos.
7 – O produto oferecido pelo banco vale mesmo a pena? Cuidado!
É preciso entender melhor cada um dos produtos oferecidos pelos bancos aos correntistas – e isso vale tanto para investimentos quanto para empréstimos.
“É um erro investir em um fundo de renda variável só porque o gerente falou que é bom. Tem que tentar entender o que estão oferecendo”, assinala Dellavolpi.
Nem sempre o oferecido é o mais adequado ao perfil do consumidor.
Quem precisa de crédito, por exemplo, precisa estar atento às condições e, principalmente, ao custo do financiamento.
Antes de contratar qualquer produto, fique atento ao Custo Efetivo Total (CET). Ele mostra quanto o empréstimo vai custar de verdade, pois inclui juros, tarifas, impostos e outras cobranças que ficarão a cargo do cliente.
A divulgação do CET é obrigatória, e ele é uma ferramenta que facilita a comparação entre os produtos oferecidos por diferentes instituições financeiras. Quanto maior o CET, mais caro será o financiamento.
Quem quer investir também precisa ficar atento.
Se você está construindo uma reserva financeira ou vai aplicar com foco em uma necessidade quase imediata, por exemplo, não deve contratar produtos com um intervalo longo entre o pedido de resgate dos recursos e a data em que eles serão depositados em conta.
Resgatar um CDB antes do prazo, por exemplo, pode levar o investidor a sair com um valor inferior ao desejado, assim como ocorre com fundos de investimento e até mesmo títulos públicos.
8 – Dívidas novas? Só depois de pagar as velhas!
É importante ter como regra evitar assumir novas dívidas enquanto ainda estiver terminando de pagar as antigas.
Isso porque uma compra parcelada em 12 meses, por exemplo, compromete o orçamento por todo esse período.
Se o consumidor consegue separar R$ 1.000 por mês para gastar como quiser, mas ainda precisa pagar R$ 300 em parcelas de compras anteriores, na prática, deve agir como se tivesse apenas R$ 700 para gastar.
Por isso, a orientação é diminuir as contas parceladas no cartão de crédito. A ideia é que você conte com os recursos que ganha mensalmente para seus gastos no período. O crédito dado nessa forma de pagamento, por parcelas, não pode ser entendido como parte da renda, alerta Dellavolpi.