Beto e Joana acabaram de se casar. E como “quem casa, quer casa”, trataram logo de comprar um apartamento … cujas prestações a Joana irá pagar. No momento, somente ela está empregada, o salário não é lá nenhuma fortuna, mas dá para pagar as contas do casal. Pena que não sobra praticamente nada no final do mês.
E Beto, enquanto não consegue nenhum emprego, fica cuidando do apartamento.
Esta situação é fictícia, mas exemplifica um fato muito comum no dia-a-dia de um casal: muitas vezes, a renda de um é bem diferente da do outro. E as diferenças podem estar presentes em vários outros aspectos financeiros. Por exemplo, em como cada uma gasta o dinheiro (uns mais, outros menos, outros exageradamente mais), em como cada um gerencia as finanças (maior ou menor controle), no perfil de investimentos (mais ou menos avessos ao risco), etc. E como tratar estas diferenças?
A primeira tentação é dizer que o amor e o companheirismo devem prevalecer sobre o dinheiro. Se todas as pessoas fossem racionais, equilibradas e bem resolvidas, provavelmente esta teoria estaria certa. Entretanto, como somos seres humanos, não há como negar que o aspecto financeiro tem uma grande importância em nossas vidas.Talvez mais para uns, menos para outros, mas ele não pode ser deixado de lado.
O melhor a fazer é conversar, e muito abertamente, sobre este tema desde o início do relacionamento. Deixar bem claro o que um espera do outro, para que não haja decepções e nem mal-entendidos. O pior mesmo é só descobrir que estas diferenças são incompatíveis depois de, digamos, 5 anos de casamento, um apartamento e um carro para dividir no divórcio. Ai a briga será bem maior.
Se levarmos esta “conversa aberta” de modo realmente formal, provavelmente iremos chegar aos contratos pré-nupciais. Na nossa sociedade esta prática talvez não seja muito comum e na maioria das vezes há até um certo incômodo e mal-estar se uma das partes do casal pede o tal contrato. “O quê, você não confia em mim?”, seria a pergunta mais comum. E a resposta talvez seja: “Amor, hoje sim … mas daqui a 5 anos, eu não sei nem se confiaria em mim!”.
Brincadeiras à parte, este pode ser um instrumento bem interessante, não só do ponto de vista jurídico, mas pelo fato de forçar o casal a pensar e a discutir, sem preconceitos, sua própria vida financeira. Em outras sociedades, como a americana, ele é bem comum.
Mas afinal, o que deve ser feito? Contas conjuntas ou totalmente separadas, controle de despesas, “mesada” para cada um ? E o patrimônio de cada um anterior ao casamento ? E os filhos ou pensão de casamentos anteriores, como tratar estas despesas?
Felizmente, não há uma resposta única a este assunto. Cada casal terá que descobrir o melhor caminho conjuntamente. Por exemplo, não há nada de errado em somente ele ou ela trabalhar e ter um “ganha pão” para a família, enquanto o outro(a) cuida da casa e de outros afazeres. O importante é que isto seja de comum acordo entre as partes.
Entretanto, como o intuito é a discussão de vários pontos de vista, nos próximos “posts” estaremos dando algumas dicas do que pode ser feito. Se você tem alguma estória interessante ou sugestão, mande para a gente no [email protected]. E não se preocupe, respeitaremos o seu sigilo!