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Assinatura de carro é tendência: como esse serviço funciona, e para qual tipo de motorista?

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Assinatura de carro é tendência: como esse serviço funciona, e para qual tipo de motorista?

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Os serviços de carro por assinatura são relativamente recentes no Brasil e ganharam força durante a pandemia da Covid-19. Locadoras, montadoras e seguradoras estão entre as prestadoras desse serviço, mas como ele funciona e para qual perfil de motorista ele serve?

Em primeiro lugar, é importante saber como funciona: o usuário escolhe qual modelo quer e faz um pagamento mensal para ter o veículo zero disponível. A mensalidade leva em conta qual será a quilometragem usada, que inclui custos de revisão, seguro, Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e licenciamento. Os contratos, em geral, variam de 12 a 36 meses.

Além do pagamento desse valor mensal, o assinante só precisa bancar o custo da gasolina, multas e franquia do seguro –caso ocorra algum acidente no período da assinatura.

Ao final do contrato o carro é devolvido à empresa que faz a administração da assinatura e cabe ao assinante fazer um novo contrato e ter acesso a um novo veículo zero quilômetro.

Mas vale a pena?

Não há uma resposta única e vai variar caso a caso, mas em geral o veículo por assinatura compensa para aqueles motoristas que fazem questão de trocar de carro com frequência (em até dois anos) e que possuem um uso limitado do veículo (as mensalidades que consideram um uso até 1 mil quilômetros ou 1,5 mil ao mês são mais em conta).

“No carro por assinatura, o usuário ganha previsibilidade porque todos os gastos estão embutidos na mensalidade. Em geral, é uma opção atrativa para quem gosta sempre de estar com carro novo e acaba arcando com o custo da depreciação do carro”, explica Carlos Eduardo Freitas, educador financeiro do Banco Mercantil do Brasil.

Fernando Trujillo, analista do setor automotivo da empresa de pesquisa IHS Markit, lembra que um veículo de passeio tem uma depreciação de 20% a 25% nos dois primeiros anos de uso. Isso quer dizer que é necessário colocar todos os custos na ponta do lápis na hora de avaliar o que é mais vantajoso para o usuário: comprar ou assinar.

Na conta da compra, é preciso incluir o IPVA, seguro e manutenção. Também deve ser considerado o custo do dinheiro, ou seja, o quanto a pessoa vai deixar de ganhar se deixar os recursos do carro aplicado ou o quanto pagará de juros caso não tenha os recursos para comprar à vista.

“É um modelo de negócio interessante para quem faz a troca constante do carro. Já para quem troca só após cinco ou seis anos, aí a assinatura deixa de compensar”, diz.

Compra x assinatura

Para deixar claro o que deve ser levado em conta, vamos a um exemplo.

Um Ônix LT com câmbio manual, da Chevrolet, tem um preço de tabela de R$ 80.690. O proprietário desse veículo ainda irá arcar com o IPVA, que em São Paulo é de 4% do valor do automóvel (R$ 3.227,60), além do seguro (em torno de R$ 2.000), revisão (R$ 350 em média na primeira revisão) e gastos com documentação e emplacamento no primeiro ano.

Se o proprietário pretende trocar de carro em dois anos, para ter um outro veículo zero, é preciso considerar a depreciação que varia de acordo como modelo do veículo, mas costuma ficar entre 20% e 25%.

Além dos gastos com o veículo, é preciso considerar o custo do dinheiro. Para quem pode pagar à vista, o valor do veículo aplicado por um prazo de dois anos no Tesouro Selic permitiria um resgate líquido (já descontado o Imposto de Renda) de R$ 109.022,72.

Em dois anos, caso decida vender o carro, essa pessoa terá um gasto médio de R$ 2.317,73 ao mês considerando todas essas variáveis.

O mesmo carro, no serviço Movida Zero KM, pode ser encontrado por R$ 2.309,70 ao mês no plano de 24 meses e franquia de 1 mil quilômetros ao mês (há um custo de R$ 0,58 por quilômetro que exceder a franquia).

Ao comparar, temos praticamente um empate, e aí o motorista deve pesar se prefere ter uma maior comodidade ou é melhor atender o desejo de ter um bem próprio.

Já para quem não dispõe dos recursos à vista, a situação muda. A taxa média do financiamento de veículos está em 27,5% ao ano (o equivalente a 2,05% ao mês) e em geral é necessária uma entrada de ao menos 20%. Como os juros são superiores ao valor do dinheiro aplicado, o custo para ter um carro zero financiado sairá mais alto do que o serviço de assinatura – considerando o prazo de dois anos.

“Quem não tem capital para a compra ou troca de veículo com frequência, é mais vantajoso o carro por assinatura, mas precisa fazer a conta caso a caso”, diz Trujillo.

Bom modelo para quem não pode dar entrada

Além da Movida, Unidas (Livre), Porto Seguro (Carro Fácil), Localiza (Meoo) e Renault (Flua!) estão entre as empresas que trabalham com esse modelo de assinatura. No caso das montadoras que atuam nesse segmento, a ideia é aumentar a demanda por veículos zero quilômetros e, assim, a sua produção.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Antônio Jorge Martins também recomenda fazer as contas de todos os custos antes de tomar a decisão e que no caso do carro por assinatura, entra também o benefício da comodidade.

“Na assinatura só há um custo envolvido que é o da mensalidade. Pode ser uma alternativa para quem quer ou precisa de um carro zero e não tem o dinheiro da entrada ou para comprar à vista”, disse.

No entanto, Freitas, do banco Mercantil, recomenda que a decisão de comprar um veículo ou fazer a assinatura passa por uma reflexão anterior, que é a da real necessidade de se ter um veículo para uso exclusivo, uma vez que o desembolso relevante em qualquer uma das alternativas.

“Antes o carro era um sonho. Era sinônimo de entrada na vida adulta e independência. Mas hoje há uma maior facilidade em se locomover em muitas cidades e esse gasto (de ter um carro) precisa ser bem avaliado”, indica.

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