Quem começou ou quer passar a investir na Bolsa de Valores deve ter se deparo com um problema comum a todos os iniciantes: do que exatamente os relatórios sobre empresas estão falando? Os jargões do mercado financeiro dificultam a vida de quem quer comprar ações ou fundos imobiliários, entre tantos outros ativos, mas vamos explicar alguns desses termos para que isso não seja uma empecilho para você começar a investir.
Saber quais sãos os principais indicadores utilizados por analistas para avaliar uma ação e o que é um mercado “bullish” ou “bearish” vai dar a você maior confiança para dar os primeiros passos.
Confira os principais termos nesse glossário:
Ações
Começando pelo início. Ação é uma pequena parte do capital social total de uma empresa. Os direitos de um acionista são proporcionais a esse fatia — o voto é proporcional à fatia da empresa, assim como os dividendos a serem recebidos.
Um sinônimo genérico usado para esse termo é papel.
As ações no Brasil podem ser ordinárias (ONs) ou preferenciais (PNs). No primeiro caso, as ordinárias dão direito a voto em uma assembleia de acionistas. Os acionistas que possuem mais dessas ações são os controladores. Já as preferenciais têm prioridade na distribuição de dividendos e no reembolso do capital (que ocorre quando uma empresa é liquidada, por exemplo), além de terem mais liquidez.
Para as empresas do Novo Mercado, segmento de mais alta governança da B3, é permitida a emissão apenas de ações ordinárias. Dessa forma, todos os acionistas têm direito ao voto e ao recebimento dos dividendos.
Alavancagem
É o que a empresa faz para realizar um investimento que não teria condições de fazer com recursos próprios, utilizando capital de terceiros. Isso permite um crescimento maior do negócio, mas também adiciona riscos.
Um dos indicadores para conhecer a alavancagem de uma empresa é o múltiplo dívida líquida/Ebitda (leia mais sobre a seguir).
Ativo
Ativo reúne todos os bens e patrimônio de uma empresa. Esse dado faz parte do balanço patrimonial de uma companhia. Os ativos podem ser circulantes ou não circulantes (que antes recebiam o nome de ativos permanentes).
O circulante é tudo o que pode ser convertido em dinheiro em até 12 meses, como o caixa da empresa, contas a receber e estoques de produtos.
Já no não cirulante entra tudo que é de baixa liquidez, ou seja, que não pode ser transformado em dinheiro de forma rápida. Nessa conta entram investimentos de longo prazo, instalações e impostos a recuperar.
Bullish e bearish
Bullish ou bull market é quando o mercado financeiro está em tendência de alta, mais otimista. A expressão vem da figura de um touro atacando com seus chifres, de baixo para cima, e pode ser utilizada para o mercado como um todo ou para ativos específicos.
Já bearish, ou bear market, é o contrário. É quando a expectativa para o mercado ou um ativo está negativa. O urso, para atacar, age de cima para baixo e por isso foi escolhido para representar os momentos de queda.
Day trade
É uma operação de curtíssimo prazo, em que a ação é comprada e vendida no mesmo dia. O objetivo do “trader”, operador do day trade, é obter ganhos rápidos com as oscilações do dia a dia.
Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)
E começou a temporada de balanços. Já ouviu esse termo? É o período em que as empresas apresentam seus resultados. Um dos documentos que mostra isso é a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Saiba mais nesta matéria.
Dividendos
É a parcela do lucro que é dividida com os acionistas. Nesse caso, cada um recebe o valor referente à sua participação.
Pela legislação brasileira, toda empresa é obrigada a distribuir ao menos 25% de seu lucro. Esse é o patamar mínimo, mas cada administrador pode ter sua política própria de distribuição dos lucros.
Ebitda
É a sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Pode também ser citada como Lajida.
Esse indicador mostra o quanto uma empresa está ganhando com sua atividade operacional, mostrando o potencial de geração de caixa.
Liquidez
É a facilidade para um bem ou uma aplicação serem convertidos em dinheiro de forma rápida. Um ativo de alta liquidez é aquele que possui muitos compradores e vendedores e, se precisar ser negociado, a operação poderá ser feita a qualquer momento.
Lucro ou prejuízo
É uma das formas de medir o resultado de uma empresa. Há três tipos de lucro: bruto, operacional e líquido.
O bruto é o resultado obtido entre o valor que a empresa faturou e o custo dela para fazer um produto. Já o operacional é gerado pela operação da empresa, já descontando as despesas administrativas e operacionais.
Por fim, o líquido é o que tem mais destaque. Quando se diz que uma empresa lucrou determinado valor, a referência está sendo feita ao lucro líquido. Nesse valor, entra a diferença entre a receita total e todos os custos da empresa, considerando também os impostos e outras obrigações. Nessa linha, caso o resultado seja negativo, há prejuízo.
Múltiplos
Esse é um termo muito visto em relatórios de analistas de empresas. Um múltiplo é a relação entre duas informações financeiras.
Um dos mais conhecidos é o múltiplo preço/lucro (P/L), que é a relação entre o preço da ação em um determinado momento e o seu lucro por ação (LPA) nos últimos 12 meses. E para que esse múltiplo serve? Para mostrar quanto tempo (em anos) demoraria para que o investidor recebesse, em forma de LPA, o capital investido na empresa, caso ela não cresça.
Nesse caso, quanto menor o múltiplo, mais rápido o investidor irá obter de volta o seu investimento.
Outro múltiplo bem conhecido é o da dívida líquida/Ebitda. Ele indica a alavancagem de uma empresa. Por exemplo, se essa relação está em três vezes, significa que a dívida líquida da empresa (dívida bruta menos o caixa líquido) é três vezes o valor do Ebitda de determinado período.
Outro indicador muito comentado, em especial quando se analisa uma operação de fusão ou aquisição, é o EV/Ebitda. EV (do nome em inglês enterprise value) considera o valor de mercado de uma companhia mais sua dívida líquida, menos o caixa. Uma empresa com baixo EV/Ebitda pode ser um sinal de que ela está atrativa.
Rentabilidade
O termo significa o retorno sobre um investimento. É o que o investidor irá ganhar (ou perder, já que a rentabilidade também pode ser negativa) sobre o que investiu. Em um exemplo simples, se uma ação foi comprada por R$ 100 e vendida por R$ 110, a rentabilidade é de 10%.
Mas atenção, esse é um conceito simplificado. A distribuição dos dividendos, a cobrança de impostos e a inflação também influenciam a rentabilidade.
Split e inplit
Algumas ações, ao longo do tempo, alcançam um valor muito elevado. A empresa, então, decide fazer um split, que nada mais é que um desdobramento. Por exemplo, uma ação que vale R$ 100 pode ser desdobrada em quatro e, dessa forma, passar a valer R$ 25.
A intenção da empresa ao realizar o split é aumentar o volume de negociações de uma ação, ou seja, sua liquidez, pois os papéis ficarão mais acessíveis por exigirem um montante de investimento menor.
Há também uma ação contrária, que é o grupamento de ações, conhecido também como inplit. Nesse caso, a empresa decide que um número determinado de ações será convertido em um único papel.
O objetivo é reduzir a volatilidade. Imagine uma ação negociada há R$ 0,50. Uma variação de preço de apenas R$ 0,05 fará com que a valorização seja de 10%. Para amenizar esses corportamentos brusco, a empresa opta pelo grupamento, em que dez ações podem virar uma, por exemplo. No caso mencionado, essa medida levaria o valor da ação para R$ 5.
Swing trade
É uma operação de curto prazo, mas não é liquidada no mesmo dia, como o day trade. Pode ser feita para ser concluída em dias, semanas e, em alguns casos, poucos meses.
Valor de mercado
É o quanto vale uma empresa na Bolsa. Considera a cotação da ação multiplicada pelo total de ações da companhia, inclusive aquelas nas mãos dos controladores ou da tesouraria.
Volatilidade
É o termo utilizado para medir a variação de uma ação. Quanto mais ela varia em um curto espaço de tempo, maior é sua volatilidade. Esse movimento leva em conta a velocidade (espaço de tempo), a intensidade (a força da alta ou da queda) e a frequência.